segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Busic: Marcando a discografia do Hard Rock no país


Irmãos Ivan e Andria Busic lançam primeiro disco de trabalho da nova banda



RESENHA – BUSIC – BUSIC   







Por Paulo Henrique Faria


O ano de 2016 foi difícil para o mundo artístico, especialmente para o Rock. Em março nos despedimos de uma das melhores bandas que o Brasil já teve, a icônica Dr. Sin. Entretanto, nove meses depois, os fãs do trio paulistano foram brindados pelos irmãos Andria e Ivan Busic, que lançaram o primeiro álbum do novo projeto deles. O grupo leva o sobrenome da dupla e traz ainda os competentes guitarristas Hard Alexandre (Ex-Madgator) e Zeca Salgueiro (Mundo Cao) como integrantes. O registro foi lançado no último dia 09/12 e possui 15 músicas bem ao estilo Hard Rock, tudo com letras em português. Bora agora pra resenha de cada uma dessas excelentes faixas! 

O disco tem início com a dançante “Ação e Reação”. A pegada Hard Rocker é bem perceptível logo nos primeiros riffs. A letra é uma espécie de protesto contra as recorrentes brigas que assolam e separam familiares e, amigos de longa data. O refrão tem melodias fortes e a guitarra solo de Hard Alexandre mostra a que veio. Belo começo!   

A segunda é a pesada “Fúria Cega” que logo na abertura tem uma intro inspiradora de batera de Ivan Busic. Com uma pegada mais rápida, a canção me remeteu ao som do Velvet Revolver (Banda americana de Slash, Duff McKagan e Matt Sorum). As linhas de guitarras da dupla Alexandre e Salgueiro são precisas aqui. A temática lírica aborda a maneira como as pessoas acabam perdendo a cabeça, na maioria das vezes por motivos torpes e fúteis. E esse problema acontece, sobretudo, com maior frequência no trânsito carregado do dia a dia.  

A faixa três é o ótimo single “Só o Tempo Vai Dizer”. Ela foi a primeira a ser divulgada e, ganhou ainda um clipe (que pode ser visto ao final do texto). Com caráter, digamos, comercial a música tem daqueles refrãos que grudam na cabeça dos ouvintes. Fala de otimismo na perspectiva da vida. Seguir em frente com atenção à excelência, é sempre o melhor caminho. Assim como fizeram os irmãos Busic, logo após ao fim do Dr. Sin. Os solos de Hard Alexandre são virtuosos e repletos de feeling. O dueto nos vocais de Andria e Ivan são harmoniosos. Muito bom! 

A quarta é a cadenciada “Escrava do Medo”. O instrumental é mais ameno nesta. O violão entra em cena e traz um toque mais suave e melódico. Destaque para as viradas com pedal duplo de Ivan no meio e, as boas linhas de baixo e vocais de Andria. Não sei porque, mas lembrou o Rush, que certamente é uma das principais influências dos caras. A letra faz referência aos lamentáveis e covardes ataques que as mulheres sofrem de seus “companheiros”. A mulher é delicada como uma flor e, como tal, deve sempre ser tratada com respeito e dignidade. Deve ser entendida e, nunca culpada pelas decorrentes e lamentáveis agressões que venha sofrer.   

A número cinco é a animada “Eu Acredito em Você”, que mistura muito bem inspirações do Classic Rock do The Who, com a energia sonora dos grupos de Hard Rock oitentistas. Andria Busic manda ver nos vocais com melodias bem elaboradas e agudos drivados de qualidade. Eles novamente exploram o caráter positivo das situações. Nos diz para não desistir e buscar alcançar nossos objetivos, com afinco e determinação.   

A faixa seis é a Blues Rock “Na Estrada”, que tem nos vocais o batera Ivan Busic, que aliás, se mostra afinado e competente também nesta função. O violão é novamente bem presente, junto com o uso e abuso do slide de vidro nas guitarras. Ao ouvir essa, logo me veio à mente as clássicas “Wanted Dead or Alive” do Bon Jovi e “Bad Obsession” do Guns n’ Roses. A junção de Blues com Hard funciona sempre bem. A letra fala sobre os excessos de uma vida regrada a muito álcool, drogas e exibicionismos ao dirigir.  

A sétima é uma legítima balada Hard Rocker. Trata-se da delicada “Canção pra Julie”, que o paizão Andria Busic fez questão de compor para sua querida enteada – que é como se fosse uma filha  Julie Veronezzi Sucar. A carga emocional passada no refrão – em tons bem altos – por Andria mostra como é bonito o amor paternal. Recorda dos bons momentos vivenciados na infância de Julie, que hoje é uma bela mulher. Linda homenagem de pai para filha. 

A oitava, denominada “Cilada” é uma das melhores de todo o disco. Os riffs iniciais são simples, mas muito criativos e inesquecíveis. Ponto para Zeca Salgueiro. Esta canção entrega outras influências do quarteto. Os solos de guitarra virtuosos me lembram os executados por Malmsteen, além de um “q” de Scorpions. Hard Alexandre detona nos três solos de guitar apresentados. Na parte lírica, aborda-se a malandragem que alguns brasileiros exercem sobre seus conterrâneos. O “jeitinho brasileiro”, também conhecido como trapaça, sempre nos leva para uma situação de desagradável ônus para uma das partes. Sem contar dos assaltos e estelionatos, que são práticas – infelizmente – bem presentes no nosso país. A faixa tem algumas variações rítmicas que a deixam bem dinâmica e rica musicalmente. Boa demais! 

A número nove é a segunda balada “SOS Amanhã”, que tem gritante influência do Pink Floyd. As linhas de guitarra até parecem que foram feitas pelo mestre David Gilmore. O apelo acústico funciona, uma vez mais, muito bem. Aqui falam do quanto nosso planeta está sendo poluído, degradado e destruído pelos seres humanos. E pensar que o estúpido presidente eleito americano, Donald Trump, acha que essa preocupação com o meio ambiente seja tudo uma falácia. Guerras, doenças e injustiças são mencionadas. Uma verdadeira música-protesto. Seis minutos de puro feeling e contestação!   

A mais pesada de todo o registro e, também a melhor, vem logo em seguida com “Perigo”. A levada rápida da bateria, riffs dignos de Tony Iommi por parte dos dois guitarristas, vocais afinados e fortes – o mais agressivo e bem feito até então – de Andria, tornam a música um petardo sonoro. Variações de acordes e solos frenéticos são entregues juntos com uma parte lírica que prima pelo destaque de alerta, pela maneira como encaramos nossas respectivas vidas. Pela corrupção que nosso país enfrenta, não só na política, mas nas variadas esferas públicas. Todo cuidado é pouco. O refrão é o ponto forte. É objetivo, certeiro e digno de ser cantado em uníssono por todos. Que pancada! 

Na sequência temos “Por Trás da Glória”, que novamente mistura muito bem Blues com Rock. A construção de parte desta me lembrou um pouco Led Zeppelin. Ivan faz uma dobradinha infalível de voz com seu irmão primogênito. A letra fala de uma história de um roqueiro de sucesso, que traçou seu destino com muitas drogas, mulheres e fama. Depois de tudo vivenciado, não consegue mais sentir tesão em se reinventar artisticamente e, continuar sendo o grande compositor que se tornou. Não reconhece nenhum lugar como lar e mergulha em uma triste depressão. Esse enredo tem muito a ver com a história de dois grandes filmes de Hollywood: “Rock Star” de 2001 e “Rock of Ages” de 2012.  

A décima segunda é mais uma canção romântica. “Máquina do Tempo”, é um legítimo exemplo de como homenagear a sua amada. Fala de bons momentos vividos no início e decorrer de uma paixão. Tem gaitas e solos de guitarra bem presentes. Andria manda bem novamente com as linhas de baixo criativas e um vocal impecável. Nota-se muita semelhança com “Crazy” do Aerosmith e “Since I Don’t Have You” do Guns.  

Na sequência vem a agitada “O Bom e Velho”, que é uma merecida homenagem ao Rock and Roll. Estilo de música que nos embala há mais de seis décadas. Eu não consigo viver sem ouvi-lo. Você, sim? Aqui a pegada da guitarra remete ao Van Halen e, no final uma grande menção ao hit “I Can’t Get No, Satisfaction” dos dinossauros Rolling Stones. Belas referências. 

O penúltimo registro é a ótima faixa “Junto ao Coração”, versão em português da ótima "Closer to the Heart" do Rush. Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart certamente vão ficar felizes ao ouvir. A letra também merece apreço, pois  traduziu bem a mensagem original que fala de como o ser humano pode ser próspero e revolucionário. Com honestidade, inteligência e amor ao próximo, o homem fez e faz um mundo melhor. Justíssima homenagem!
  
A derradeira é a intimista “Nossa Terra”, que exalta as virtudes e ressalvas que o nosso amado Brasil possui. Enfrentamos a desigualdade social, a corrupção, a criminalidade e os problemas naturais. Mesmo com todas as incidências que nos são inerentes, somos um povo feliz e hospitaleiro. Um país de dimensões continentais que tem tudo pra ser um dos mais desenvolvidos do mundo, no futuro. No finalzinho há um coro muito interessante que é puro “Hey Jude” dos Beatles. Viva o Brasil!  

Busic é um primeiro registro extraordinário de mais um novo super grupo. Eles resgatam o que tínhamos de melhor no rock nacional, principalmente nos anos 80. Tem riquezas de composição lírica e sonora. Arranjos bem elaborados, técnica e feeling de todos. Além disso, entrega uma proposta muito legal, que é o de se fazer um Hard Rock com letras no nosso idioma nativo. Faz homenagens aos grandes nomes do cenário roqueiro mundial. Esse CD homônimo nos traz o que havia de melhor no Dr. Sin e Mundo Cao. Tudo com inovação e dedicação dos membros. Em tempos de bandas com pouco conteúdo musical, o Busic é um respiro muito significativo para a cena. Esse é certamente o melhor disco brasileiro de 2016! Parabéns ao quarteto! 


NOTA: 9

Veja o clipe de “Só o Tempo Vai Dizer”: 
  


 Membros:
Andria Busic (Vocal e Baixo)
Ivan Busic (voz e bateria)
Hard Alexandre (guitarras e backing)
Zeca Salgueiro (guitarras e backing)  
SITE OFICIAL: http://www.busic.com.br
FACEBOOK: 
https://www.facebook.com/bandaBUSIC/
INSTAGRAM: 
https://www.instagram.com/bandabusic/
TWITTER: 
https://twitter.com/bandabusic

CONTATO PARA SHOWS: busicprod@gmail.com 





 Busic – Busic (2016, Busic Produções/ Unimar Music – São Paulo, Brasil)
01. Ação e Reação
02. Fúria Cega
03. Só o Tempo Vai Dizer
04. Escrava do Medo
05. Eu Acredito em Você
06. Na Estrada
07. Canção pra Julie
08. Cilada
09. SOS Amanhã
10. Perigo
11. Por Trás da Glória
12. Máquina do Tempo
13. O Bom e Velho
14. Junto ao Coração
15. Nossa Terra


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Protestos indigestos

Pouco mais de 100 mil pessoas foram às ruas neste domingo protestar a favor e contra a corrupção    







Por Paulo Henrique Faria


Mais uma vez houveram protestos neste último domingo (04/12). 82 cidades registraram a reclamação de pessoas que apoiam incondicionalmente as ações do juiz Sérgio Moro, bem como, a maneira como a operação Lava Jato é conduzida. Por isso, a PL que prevê punição por abuso de autoridade foi repassada – de maneira desinformada e manipulada – como um dispositivo de calar o judiciário. Ledo engano.   

Geralmente, estas recorrentes manifestações dominicais são de caráter conservador e de direita. Uma parcela expressiva da classe média alta desfere ódio contra o PT e quaisquer outros grupos políticos de esquerda. Ontem, ouvia-se claramente o “Fora, Renan!” e “Fora, Maia!”, mas, não o já famoso “Fora, Temer!”. E por que?! Será que esses revoltosos estão satisfeitos com os sete meses de governo peemedebista? No qual cai um ministro por mês e seus integrantes sempre são citados em esquemas fraudulentos – Romero Jucá e Geddel Vieira Lima que o digam. A economia brasileira já se recuperou? Não se deram conta que os presidentes do Senado e Câmara são alinhados com Michel Temer? Certamente a resposta é negativa para todas as questões.   

Insuflados pelos asquerosos e partidários Movimento Brasil Livre (MBL) e Vem Pra Rua, os manifestantes idolatram a figura contestável de Moro. O tratam como, literalmente, um super-herói. Tal qual, que basta um alarde falseado pela Globo, Veja e demais grupos do PiG, para que seus seguidores corressem para a sua ferrenha defesa. Mas afinal, o defendem do que??? O projeto que hoje tramita no Senado é contra o abuso de poder de qualquer funcionário público. Inclusive: políticos, policiais, desembargadores, procuradores, juízes e promotores. Não vai acabar com a força tarefa da Lava Jato. Apenas, não permitirá excessos na condução do referido processo. Ou Moro e Dellagnol são acima da Lei por acaso? Se eles ou qualquer outro magistrado cometer crimes, precisam ser devidamente penalizados. É disso que o PL, com relatoria do ótimo senador Roberto Requião (PMDB-PR), determina. A revolta deveria ser muito maior com a tenebrosa aprovação da PEC 55, que deve ocorrer em segundo turno no próximo dia 13. Afinal, direitos sociais serão congelados por até duas décadas.  

Golpe no golpe?

O que está nas entrelinhas da atual conjuntura política brasileira é que o PSDB quer tomar o lugar do PMDB. A alta cúpula tucana não está satisfeita com os ministérios das relações internacionais e da justiça. Querem muito mais. E para isso, o que se vê são órgãos midiáticos que possuem gratidão eterna com os peessedebistas, como a Globo e a Veja, em um jogo de “morde e assopra” com Michel Temer. Assim, no começo de 2017 Temer cairia e ocorreria eleições indiretas. Qualquer membro do Congresso Nacional poderá assumir; inclusive, quem não está mais com mandato. Desta maneira, o caminho fica livre para Aécio Neves e, pasmem, até mesmo o “príncipe da privataria tucana”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Se isso ocorrer, só Deus saberá no que pode dar. FHC candidato em 2018? Mudança definitiva para o parlamentarismo? Enfim, isso não pode passar impune e, a população precisa entender a grave situação política na qual vivemos. Precisamos sim ser contra a corrupção, entretanto, sem corroborar para que os corruptos de outrora voltem a subtrair as riquezas do nosso amado Brasil. Necessitamos de mais massa encefálica e menos massa de manobra.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Guns n’ Roses e a catarse de Brasília

Show com quase três horas de duração fecha em grande estilo a turnê do lendário grupo americano pelo Brasil 


    


 Por Paulo Henrique Faria


O Guns n’ Roses fechou com chave de ouro, ontem, a passagem pelo Brasil, com um grandioso show em Brasília. A turnê denominada “Not In This Lifetime” marca o retorno de Slash e Duff à banda. Com um setlist extenso – para alegria de fãs como eu – os americanos tocaram por quase três horas, para 30 mil espectadores presentes no Estádio Mané Garrincha.   

Mesmo com as rápidas chuvas e, com uma longa espera de mais de quatro horas, valeu muito a pena ter presenciado essa catarse de uma apresentação do Guns, neste último domingo. O concerto estava previsto para começar às 20 horas, mas teve início, apenas, uma hora depois com a agitada “It’s So Easy”. Mas o que é um mero atraso para quem esperou 20 anos para ver Axl Rose, Slash e Duff McKagan tocarem juntos novamente. O trio é a espinha dorsal que elevou o grupo ao Hall de maiores da história do Rock.    

Foram executadas incríveis 27 músicas na noite de ontem. Destas, destaco os covers “The Seeker” do The Who, “Wish You Were Here” do Pink Floyd (instrumental) e claro, as consagradas e indispensáveis releituras de Paul McCartney e Bob Dylan, “Live and Let Die” e “Knockin’ on the Heaven’s Door”. Como foi bom cantar em uníssono – com a multidão ao meu redor – as clássicas “Patience”, “November Rain” (com garoa e tudo), “Sweet Child o’ Mine”, “Civil War”, “You Could Be Mine”, “Welcome to the Jungle” e “Paradise City”. Teve ainda as canções “lado b” que todo mundo gosta, como “Estranged”, Outta Get Me”, “Used to Love Her”, “Yesterdays” e “Coma”. Rolou também quatro do “Chinese Democracy”. Muito interessante ver Slash solando e rearranjando músicas das quais não participou do processo de composição como: “Sorry”, “This I Love”, “Chinese Democracy” e “Better”. Nas 2 horas e 50 minutos de duração do espetáculo, revivi os bons momentos da adolescência. Conheço e curto Guns desde os meus 12 anos de idade. Se me pedissem para resumir em uma só frase o sentimento experienciado ontem, eu diria: “ O melhor show da minha vida! ”.    
  
Os pontos positivos extras ficaram por conta do ótimo trabalho dos músicos adicionais, Richard Fortus (guitarra), Dizzy Reed (tecladista dos caras desde 1990), Frank Ferrer (baterista) e a novata Melissa Reese (tecladista adicional e backing vocal). Além disso, a estrutura técnica e física do palco está impecável. Os telões de led com animações e sacadas interativas estão excelentes. O som da banda continua coeso e pesado. Os pontos negativos eu credito à organização. Deveriam ter colocado uma banda de abertura mais representativa e, com estilo mais próximo do Hard Rock e Heavy Metal. Nada contra o “Plebe Rude”, mas, acredito que nomes de maior expressão nacional se encaixariam melhor nesta função. Será que isso não foi mais um caso do famoso “jabá” na jogada??? Fica no ar a questão.   

Entretanto, a maior ressalva foi sem dúvida nenhuma nos altos valores dos ingressos. Pagar meia e, mesmo assim desembolsar R$ 300 para ir nas cadeiras, R$ 350 para ir de pista normal e R$ 540 pista premium, foi complicado. Tudo bem que o cachê dos caras deve ser alto, porém, os preços salgados afastaram uma parte relevante do público. Se fossem na faixa dos demais shows internacionais de Rock, certamente ontem teria dado mais de 50 mil pessoas. Apesar das ressalvas, agora já aguardo, ansioso, pelo próximo. Quem sabe com músicas novas, de um futuro disco novo. Por causa de figuras icônicas como Axl, Slash e Duff que o Rock continua vivo e forte. O verdadeiro Guns n’ Roses está de volta!     


Setlist  

It's So Easy 

Mr. Brownstone 

Chinese Democracy 

Welcome to the Jungle 

Double Talkin' Jive 

Sorry 

Better 

Estranged 

Live and Let Die 

Rocket Queen 

You Could be Mine 

Attitude (intro de You can't put your arms around a memory) 

This I Love 

Used to Love Her 

Civil War 

Coma 

Tema de Godfather (Speak Softly Love) 

Outta Get Me 

Wish You Were Here 

November Rain 

Yesterdays 

Knockin' on the Heaven's Door 

Nightrain

Bis

Patience 

The Seeker 

Paradise city

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O suicídio eleitoral americano

Eleitores dos Estados Unidos escolhem o duvidoso Donald Trump como presidente.Temor deste resultado atinge a comunidade internacional 

  




Por Paulo Henrique Faria 



                Infelizmente o que todo habitante progressista da Terra temia, acabou se concretizando. O abjeto Donald Trump venceu Hillary Clinton e, se tornou assim o 45º presidente dos Estados Unidos da América (EUA). Em uma eleição apertada, o candidato do partido Republicano contrariou seus pares e, quase todos os prognósticos, que davam como improvável seu triunfo. Fim do mundo?! Terceira Guerra Mundial à vista?! Não é para tanto. Mas retrocessos deverão acontecer nos próximos anos.   

            A vitória de Trump pode ser explicada de várias maneiras. Mas a hipótese mais representativa é a de que ela deu voz à boa parte da população estadunidense branca, idosa, de meia idade, com escolaridade limitada e de classe média. Essa parte expressiva do eleitorado, se viu preterida pelas conjunturas da globalização ao longo das duas últimas décadas. Até aí, nada de espantoso. Entretanto, a maior parcela destas pessoas não engoliu o fato de um presidente negro, como Barack Obama, estar oito anos à frente da nação. Quando perceberam, que Hillary poderia ser tornar a primeira mulher a dirigir os EUA, aí é que votaram sem pestanejar no empresário espalhafatoso. Sim, pois Trump reproduzia, em entrevistas e comícios, frases verdadeiramente xenófobas, racistas, sexistas e misóginas. Características bem presentes no discurso conservador. A ponto da Ku Klux Klan externar apoio explícito ao magnata. Seria o escancaramento do protofascismo na Terra do Tio Sam novamente???    

            Donald Trump não é a reencarnação dos facínoras Benito Mussolini e, tampouco, Adolf Hitler. Seria um exagero fazer tal comparação, creio eu. Ele seria melhor comparado a candidatos falaciosos que negaram a política tradicional, como os ex-presidentes brasileiros Jânio Quadros e Fernando Collor. Ambos falavam em profundas mudanças sociais e o fim da corrupção. E na prática, se viu exatamente o contrário do que fora dito. Outro que pode ser assemelhado a Trump, é o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB). Ambos se apresentam como gestores de sucesso e, além do fato de serem declaradamente de direita, apresentaram o reality show “O Aprendiz”. Diante desta coincidência, me pergunto: quem será que eles vão demitir ao longo destes próximos quatro anos?  Vamos aguardar. 
           
            Outro fator preocupante é o do fechamento de parcerias econômicas, que Trump já anunciou. Para ele, a China explora os EUA – vejam que ironia – e, os acordos com países da América do Sul, como o Brasil, precisam ser revistos. Logo os EUA que são o símbolo do imperialismo mundial; não aceitam mais essa alcunha e, pior, se postam como vítimas. Estas indecisões, vão de certa forma bagunçar a geopolítica do globo. Medidas como estas ou até mesmo o Brexit no Reino Unido, só reforçam o empobrecimento da camada menos abastada. Refletem negativamente nos parceiros destas grandes nações. Enfim, o único grande líder que aplaudiu a eleição de Trump, foi o presidente russo – e aliado de longa data – Vladimir Putin. Quando este último, vociferava contra Obama e/ou Hillary, logo me vinha à cabeça a batida frase: “O sujo falando do mal lavado”. Pelo jeito o sofrimento da população no Oriente Médio, em especial da Síria, será prolongado. Trump não tem medo do ISIS, mas sim, dos refugiados. Afinal ele odeia muçulmanos e acha que todos eles são terroristas. Ou ainda, tem ojeriza dos vizinhos mexicanos, que nas palavras de Trump são: “estupradores e traficantes”.  

            Sobre o já ultrapassado sistema eleitoral norte-americano, digo que este precisa ser revisto. Hillary Clinton terminou com mais votos absolutos. Mas como teve menos eleitores em alguns Estados, perdeu todos os delgados dos mesmos. Esse sistema representativo funcionava no século XVIII, XIX ou até mesmo no início do XX. Agora, a realidade é completamente outra. Acredito que deveriam seguir o exemplo da nossa democracia que, apesar das ressalvas, funciona bem. Leva o pleito, aquele que for mais votado. Mas enfim, não se pode reclamar da derrota pela regra do jogo. O mais lamentável foi ver um grande postulante como o democrata Bernie Sanders ficar de fora da corrida presidencial. As prévias de lá deveriam ser internas, como aqui no Brasil. Muitos apostavam que se fosse Sanders o adversário de Trump, o resultado seria outro. Quem sabe em 2020 o partido Democrata – e seus delegados – não coloquem o bom senador na jogada. Até lá, nos resta efetivar a resiliência. Combater os males feitos que estão por vir. Precisamos barrar ainda a ascensão da extrema-direita e não cometer o mesmo erro que nossos irmãos americanos. Afinal, daqui dois anos será nossa vez de determinar o líder maior. Talvez devamos escolher entre o preparado Ciro Gomes e o ignorante Jair Bolsonaro. Eu fico com a primeira opção e vocês? 

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Fim do segundo turno dá início à disputa de 2018

Depois das eleições municipais deste ano, agora as atenções estão voltadas para o destino político e partidário do Brasil 


  

Por Paulo Henrique Faria



              Passado o segundo turno das eleições municipais, o que se viu foi uma confirmação daquilo que já presenciamos na primeira parte da votação. PSDB, PMDB e parte expressiva do conservadorismo cresceu, enquanto PT e, a parte mais à esquerda saiu – em sua maioria – derrotada. No Rio de Janeiro a igreja evangélica chegou ao poder, mas obteve 26,75% de abstenção e 20,08% de brancos e nulos. Agora, as atenções já se voltam para a corrida ao Palácio do Planalto. 2018 é logo ali, e me parece que o grande embate deva ser entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).   

            Das 57 cidades que houveram segundo turno neste pleito, destaco as grandes capitais. Rio de Janeiro por exemplo, elegeu o representante direto da Igreja Universal, o senador Marcelo Crivella (PRB). O bispo superou Marcelo Freixo (PSOL), pela contagem de 59,37% ante 40,6% dos votos válidos. Crivella pelo jeito conseguiu abrigar boa parte do eleitorado carioca cristão e conservador. Todavia, outro dado chamou a atenção na Capital Fluminense: o alto índice de abstenção, votos nulos e brancos. O movimento do “não voto” chegou aos incríveis 2.034.352. Esse número é maior que a quantidade recebida por Crivella, que foi de 1.700.030. Se formos levar em consideração só a quantidade de eleitores que se quer compareceram às urnas, o número chegou a 1.314.950. Isso é mais do que Freixo alcançou neste segundo turno, 1.163.662 de votos. Essa onda rejeitadora pode, em geral, mostrar uma descrença do eleitorado na atualidade. Ou até a negação aos candidatos que concorreram. Certo é que se o PSOL fizer a leitura correta – ou seja, usar mais pragmatismo político e estratégia eleitoral – faz de Marcelo Freixo senador pelo Estado do Rio de Janeiro em 2018. Lá Crivella irá deixar seu suplente – que não tem força – e, assim serão disponibilizadas duas vagas para o Senado Federal. As chances do psolista são boas, portanto.    

            Outra Capital que merece destaque é Fortaleza. O quinto maior colégio eleitoral do país reelegeu Roberto Cláudio (PDT) para mais quatro anos de mandato. O médico sanitarista venceu o deputado estadual e capitão reformado da PM, Capitão Wagner (PR). Aliás, o que mais chamou atenção foi o embate entre seus respectivos padrinhos políticos. Roberto Cláudio é aliado dos irmãos Gomes, que são inimigos dos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB), que apoiaram Wagner. Desta maneira, Cid Gomes (ex-governador do Ceará) surge como nome forte para o senado, além é claro do primogênito Ciro Gomes, que ganha ainda mais força para a disputa presidencial daqui dois anos. O PDT, partido de ambos, cresceu no número de prefeitos Brasil afora. Agora detém 335, dos quais três são de Capitais. O partido de Brizola se reafirma como um possível sucessor do PT, pela liderança do campo progressista brasileiro. A vitória em Fortaleza foi tão expressiva para o grupo político pedetista, que Ciro logo após votar em sua seção na manhã deste domingo, chegou a confidenciar que “uma inimaginável derrota aqui tiraria muito do estímulo para seguir na luta, pois, se o melhor prefeito da história da cidade perde para um samango desqualificado, a gente perde a esperança ", afirmou. Resta agora saber, se Lula de fato não poderá se candidatar à presidente novamente e, assim, o Partido dos Trabalhadores oficializará apoio ao ex-ministro cearense.   

            Do outro lado do jogo, o PSDB apresentou um grande vencedor e outro perdedor. Geraldo Alckmin bancou João Dória para a prefeitura de São Paulo e, o empresário levou ainda no primeiro turno. Agora no segundo turno, ele conquistou com seus aliados tucanos e pesebistas a maioria de outras cidades pelo Estado paulista. Eles desbancaram o PT até no reduto histórico lulista, situado no ABC. O mesmo sucesso não se pode enxergar em Aécio Neves. O senador mineiro viu seu afilhado político João Leite perder a eleição em Belo Horizonte para o ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil (PHS). Por isso, Alckmin dá vários passos à frente de Aécio como presidenciável mais forte do PSDB.  Sobre os resultados destas eleições, Alckmin desconversou sobre o futuro. "2018 é outro momento. Agora, encerrada a eleição municipal, que é uma eleição muito importante. Dizem que o século 19 foi o século dos impérios; o século 20, o século dos países; e o século 21 é o século da cidade. Ela é a grande protagonista. Então, são governos importantíssimos. Depois, o futuro a Deus pertence", tergiversa. Resta esperar se as delações premiadas da Odebrecht vão deixar essa vitória transparecer nos próximos 24 meses.  

            Já Marina Silva, viu seu partido Rede Sustentabilidade eleger apenas um prefeito de Capital, Clécio Luís em Macapá. A Rede conseguiu ao todo somente sete prefeituras em todo o país. Quantidade bem abaixo do esperado por outros dirigentes da sigla e, até para analistas políticos. Marina, que já caiu alguns pontos nas últimas pesquisas, pode assim perder ainda mais força para a terceira tentativa seguida de chegar ao Governo Federal. 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O temor de Temer e sua trupe

Atual presidente corre para aprovar medidas neoliberais, antes que as delações de Cunha e Odebrecht arrase seu governo e a sua base aliada 


  
Por Paulo Henrique Faria 


E o turbilhão de crise política não para de aumentar. Contrastando com a felicidade da iminente aprovação da impopular PEC 241 no Congresso Nacional, o atual governo está apreensivo pelas revelações bombásticas que surgirão das próximas delações premiadas. Dessa vez, quem deve falar será o empresário Marcelo Odebrecht – junto de outros 50 funcionários de sua empreiteira – além é claro, do corrupto mor da nação, o ex-deputado federal Eduardo Cunha. O pânico é quase que geral. A promessa é que nomes graúdos do PMDB, PSDB, DEM, PSD, PTB, PP e PT serão entregues como partícipes de grandes esquemas de pagamento e recebimento de propinas.    

Ainda hoje, terça-feira (25/10), a degenerada PEC 241 deve ser aprovada por maioria na Câmara dos Deputados; válida pelo segundo turno da votação. Se aceita em outros dois turnos no Senado – o que é quase certo de ocorrer – a partir de 2017 os investimentos em educação e saúde serão praticamente congelados. Se estes dois itens vão de mal a pior atualmente, imagina com regulamentação dessa medida?! Está mais do que claro que o governo de Temer não dá a mínima para o povo. Além de cortar gastos de onde não deveria, o presidente ilegítimo quer emplacar a qualquer custo a reforma da previdência. Diminuindo aposentadorias de juízes, militares e políticos? Nada disso! Ele quer fazer com que o cidadão de menor poder aquisitivo trabalhe ainda mais tempo. Logo o Michel Temer, que se aposentou com apenas 55 anos.   

Por que ao invés de retirar dos mais pobres, não reduz, de verdade, as exorbitantes taxas de juros dos bancos? Por que não diminui de fato a taxa Selic? Sim, pois reduzir 0,5%, como fizeram na semana passada, foi quase um insulto. É evidente que o Brasil passa por um momento de austeridade econômica, agora, os caminhos neoliberais – bem próximos do que FHC praticara nos anos 90 – não são nem de longe o melhor caminho a se seguir. A tendência é que o desemprego e, o consequente endividamento dos consumidores, aumente como jamais se viu por aqui. É necessário que a classe política e judiciária “corte da própria carne”. Eles ganham altíssimos salários e possuem uma série de privilégios. Não é justo que os trabalhadores, aposentados e crianças tenham ainda mais dificuldades na vida. É necessário realizar auditoria da dívida pública, investimentos na tecnologia nacional e, uma criação de imposto especial que taxe heranças de grandes fortunas. A desigualdade social e o desperdício de inteligência acadêmica e/ou profissional estão levando o país à ruina fiscal.    


Lava Jato e suas futuras delações bombásticas   


Na semana passada finalmente o juiz Sérgio Moro mandou prender Eduardo Cunha. Depois de mais de um mês da perda do mandato e seu precioso foro privilegiado. Cunha está nitidamente chateado com os posicionamentos de Temer e seus ex-colegas de PMDB. Ele esperava ser amparado pelos peemedebistas, por ser o pivô do vergonhoso impeachment, da agora ex-presidenta Dilma Rousseff. Ledo engano. Com receio da opinião pública, Temer e seus ministros ignoraram o pedido de socorro do antigo aliado. Ao saber dessa “traição”, Cunha já reuniu alguns advogados e já mandou avisar que pensa seriamente em negociar uma delação premiada. Se o carioca contar tudo o que sabe, metade de Brasília vem abaixo! Ele certamente é um dos principais idealizadores do escândalo do “Petrolão”, que envolve importantes figuras do PP, PMDB, DEM, PSDB e até PT. Recebeu de presente a vice-presidência da Caixa Econômica Federal de Dilma. E anos atrás, a presidência de Furnas, entregue por Lula. Ali roubou centenas de milhares de reais. Embolsava uma parte considerável e usava o restante para comprar apoio de parlamentares e empresários. Com ele, a manipulação e a corrupção chegaram a níveis impensáveis até então.     

Outro futuro delator que promete lançar uma “bomba atômica eleitoral” no jogo político, é o empreiteiro Marcelo Odebrecht. Depois de oito meses de tratativas, finalmente foi acordado delações – por etapas – dele e de outros 50 colaboradores. Na fase preliminar de negociações, Marcelo e outros executivos citaram 130 deputados, senadores, ministros, além de 20 governadores e ex-governadores. O presidente Michel Temer – que deveria ter sido impichado também – bem como seus ministros Eliseu Padilha, José Serra e o secretário de governo Geddel Vieira Lima, estão no meio do rolo. Isso explica o bico dos tucanos Aécio Neves, Aloysio Nunes e Geraldo Alckmin estar rigorosamente calado. O medo de todas as próximas delações é alto. Destes 20 governadores envolvidos, arrisco dizer que boa parte seja do PSDB e PMDB. E o que dizer do pavor, do intocável presidente do Senado, Renan Calheiros? Ele promete travar uma verdadeira guerra contra o sistema judiciário, tudo para tentar encerrar a Operação Lava Jato.
Entretanto, não é só a direita que está chafurdada na corrupção. Os petistas Antonio Palocci e Guido Mantega também têm explicações a dar. Bem como o maior líder do partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo bem que o “Partido da Imprensa Golpista” o persegue. Mas ele tem culpa no cartório sim. Emílio Odebrecht – pai de Marcelo – revelou que o estádio Arena Corinthians foi uma espécie de presente para o corintiano Lula. Tudo isso em retribuição pelos oito anos de parceria entre o Governo Federal e a empreiteira, que rendeu um faturamento de R$ 132 bilhões para os cofres da empresa. O estádio – de gosto duvidoso – foi superfaturado e, a conta caiu no colo do Sport Club Corinthians Paulista, que obviamente não tem dinheiro para pagar a aquisição. Que presente de grego hein!   

Como já havia dito em textos anteriores, acredito que Lula não será preso. Mas é evidente que será condenado por Moro e, depois endossado pela segunda instância em Porto Alegre. Resultado disso tudo: ele será enquadrado na Lei da Ficha Limpa e, assim, ficará inelegível por oito anos. Portanto, será decretado o fim da sua extensa carreira política. Se a justiça não for seletiva – como ultimamente se mostra ser – a previsão é que políticos das mais variadas siglas partidárias sofra punições. Seja mandatos cassados, inelegibilidade eleitoral, devolução de dinheiro desviado e, até mesmo cadeia. Se continuar nessa toada, em 2018 só sobrará Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) para concorrer à presidência. Aguardemos.





segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Eleições em 2016 apontam vencedores e derrotados para 2018

PT seguiu tendência de redução e viu seus rivais PSDB e PMDB crescerem. Uma nova frente de esquerda encabeçada por PDT, PC do B e PSOL surge como salvação do campo progressista   





Por Paulo Henrique Faria

 
Neste último domingo (02/10) foram escolhidos os próximos vereadores e prefeitos dos 5.570 municípios brasileiros. PMDB manteve seu quadro de prefeitos. PSDB aumentou e, o PT diminuiu consideravelmente. Ainda haverá segundo turno em 55 cidades, das quais 18 são Capitais. PDT concorre em São Luiz e Fortaleza; PSOL no Rio de Janeiro e em Belém; enquanto PC do B tenta a vitória em Aracajú.

As eleições de 2016 já possuem algumas marcas expressivas. Mostra um crescimento do PMDB, PSDB e PSD. Os três partidos da centro-direita brasileira aumentaram para 1.028, 792 e 538, respectivamente, o número de prefeituras Brasil afora. Em contrapartida apontou uma queda vertiginosa do Partido dos Trabalhadores. O PT em 2012 havia elegido 630 prefeitos e, agora caiu para 256. A derrota mais emblemática foi do bom prefeito Fernando Haddad. Ele perdeu para o empresário e apresentador de TV, João Doria (PSDB). Essa conjuntura política desfavorável é facilmente explicada pelo desenrolar da Operação Lava Jato, que, até o momento só atingiu em cheio o PT.  

Entretanto, surgiu uma luz no fim do túnel para a esquerda. Isso porque o PDT aumentou para 334 o número de prefeitos. Reelegeu em Natal (RN) Carlos Eduardo, em primeiro turno. E ainda possui favoritismo para reeleger Roberto Claudio em Fortaleza (CE) e Edivaldo Holanda Jr. em São Luiz (MA). Falando em Maranhão, o PC do B, do governador do Estado Flávio Dino, conseguiu eleger 46 prefeitos pelo partido neste pleito. Antes possuíam apenas 14. O PSOL também ganhou destaque no campo mais progressista do jogo. Possui a segunda maior bancada de vereadores no Rio de Janeiro. Emplacou Marcelo Freixo para disputar o segundo turno com Marcelo Crivella (PRB). E conseguiu em Belém (PA) – voto a voto – mandar Edimilson para o segundo turno contra o tucano Zenaldo Coutinho. O desempenho psolista foi certamente melhor que o petista, em quase todas as disputas. O PT só (re)elegeu em Capitais, o atual prefeito Marcus Alexandre, em Rio Branco no Acre.  


2018 é logo ali  


Dois presidenciáveis apareceram como vencedores nestas eleições. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckimin (PSDB). O tucano elegeu vários prefeitos de sua base eleitoral no interior paulista e, de quebra apostou e ganhou com João Doria na Capital Paulista. Muitos o credenciam como candidato certo para 2018. Porém, acho difícil o senador Aécio Neves abrir mão de se lançar novamente. É provável então que Alckmin siga para o aliado PSB. Já Ciro Gomes mostrou toda a sua força política no seu Estado Ceará. Depois que ele e seu irmão, o ex-governador Cid Gomes, se filiaram ao PDT – há pouco mais de um ano – vários prefeitos cearenses migraram também para o partido de Brizola. Este ano, 51 pedetistas venceram no Ceará, dentre eles, o irmão mais novo de Ciro, o deputado estadual Ivo Gomes. O caçula da família Ferreira Gomes ganhou na cidade natal do clã, Sobral. O governador Camilo Santana (PT) já antecipou inclusive seu total e irrestrito apoio ao líder pedetista para daqui dois anos.  

Na outra ponta da disputa é possível observar dois derrotados para 2018. Trata-se da ex-ministra Marina Silva e o deputado federal Jair Bolsonaro. Marina não emplacou nenhum prefeito em cidades grandes pelo seu recém-lançado partido, a REDE. Já Jair Bolsonaro não conseguiu nem levar seu filho primogênito, Flávio Bolsonaro, para o segundo turno no Rio. E o partido de ambos, o neopentecostal PSC não possui força política além das igrejas evangélicas do país.    

O mais indicável é que a esquerda se una para o próximo pleito. O PT, se ainda quiser algum protagonismo nacional, precisa fazer mea culpa e sair da cabeça de chapa. Preservar bons quadros como Eduardo Suplicy e Fernando Haddad é indispensável. Aliás, qualquer um dos dois pode ser o vice ideal de Ciro Gomes. Formalizando assim uma possível coligação entre PDT/ PT / PC do B e demais partidos aliados. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá ser condenado na Lava Jato e, assim, se tornará ficha suja. A esquerda tem dois caminhos a seguir. Se une para fortalecimento do projeto mais organizado. Ou insiste em fragmentação, que garantirá à direita chegar ao poder, do qual não sairá tão cedo pelo que se desenha.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A nova era de “Aquarius”

Filme nacional retrata luta de moradora para continuar no prédio em que vive. Local e trama servem de cenário para as mais variadas “dedadas na ferida” no moralismo brasileiro


  

Por Paulo Henrique Faria



             O cinema nacional ganhou um integrante de respeito para sua admirável e guerreira filmografia. Falo do ótimo “Aquarius”, filme dramático dirigido pelo progressista Kleber Mendonça Filho e, protagonizado pela eterna diva brasileira, Sônia Braga. A obra aborda com muita felicidade temas espinhosos da nossa sociedade. São duas horas e vinte cinco minutos de tramas que perpassam os anos 80 e os dias atuais. Tudo na bela cidade litorânea de Recife.

            Bem, vou me ater às principais temáticas expostas na película, bem como seus principais pontos positivos; as dificuldades que enfrentou para exibição e a falta de reconhecimento de autoridades. Isto dito, destaco primeiramente a assertiva trilha sonora empregada. Logo no início, no ano de 1980, toca no som do icônico Opala o hit “Another One Bites The Dust” do Queen. Depois, com o desenrolar da história se ouve mais uma canção dos caras, com a animada “Fat Bottomed Girls”. O bom gosto sonoro não para por aí, pois entram em cena ainda Maria Bethânia e Roberto Carlos. A cultura pop internacional também ganhou destaque, com a exposição do grande pôster de “Barry Lyndon”, do gênio Stanley Kubrick, no apartamento. Além das referências ao mestre John Lennon.  

Todo esse bom gosto pertence à protagonista Clara – mas nos leva a crer que é influência íntima do roteirista e diretor Kleber Mendonça – interpretada brilhantemente por Sônia Braga. Uma Jornalista e escritora aposentada, que vive sozinha no apartamento oito, do velho edifício “Aquarius”. Outro fator interessante, foi o cuidado com o roteiro. Com cenas longas e diálogos bem colocados, é do tipo que nos prende atenção a todo instante. Clara enfrentou o terrível câncer de mama em 1980. Seu marido, fiel companheiro nesse momento difícil, falecera no final dos anos 90. Viúva, viu seus três filhos crescerem e se mudarem de casa. Mas Clara entra em depressão? De forma alguma. Com seus sessenta e poucos anos ela faz ginástica, vai à praia – que fica do outro lado da rua – e sempre revisita sua bela e extensa coleção de vinis.  

            Clara gosta de sair com suas amigas de mesma idade para casas de dança. Lá, acaba se relacionando com um senhor contemporâneo boa pinta. Depois de umas bebidas, do flerte mútuo e, da dançada, vão se beijar no carro do cara. Até aqui, tudo normal, mas, quando a coisa começa a ficar mais quente, é que vem a primeira polêmica. Clara teve que retirar a mama direita por conta do câncer e, ao perceber tal situação, o sujeito para de beijar e se oferece a deixá-la em casa. Acabou com o clima. Puta idiota preconceituoso, hein! Clara, não deixa por menos, recusa a carona e volta de táxi. É chavão, mas cabe muito bem aqui: “antes só do que mal acompanhada”.  

          E o empoderamento da mulher não para por ali. Clara se mostra independente na sua vida pessoal e financeira. Feminista convicta, dá valor nas lutas diárias que as demais mulheres têm que enfrentar no cotidiano. Trata sua empregada, dona Ladjane (Zoraide Coleto) como uma integrante da família. Vai na festa de aniversário dela e dá até presente. Aliás, Ladjane sofreu muito com o atropelamento do seu filho. Vítima de ato sórdido de um condutor alcoolizado, que se quer prestou socorro. Triste retrato da impunidade que vivenciamos, sobretudo nos crimes de trânsito.   

            Outros fatores polêmicos, principalmente aos olhos dos conservadores, surgem com o fato do filho mais novo de Clara ser homossexual assumido. A mãe mostra que sua índole é ímpar e clama pela visita do caçula junto do seu atual companheiro, do qual ainda não conhece. E a moral e os bons costumes levam outro duro golpe, quando Clara liga para um garoto de programa indicado por sua amiga. Sozinha, insone, com abstinência sexual e grilada por tudo que passava na vida pessoal, a “coroa” protagoniza cenas picantes com o contratado. Aliás, o sexo – como sempre deve ser – é tratado como algo comum no filme. Não para chocar e tampouco para propagar pornografia. Mas sim, para nos mostrar que este tabu precisa cair. Somos humanos, sentimos vontade e transamos. Então qual o problema de falarmos sobre??? As cenas possuem poucos cortes nestas horas. Ponto para Mendonça!   

            Entretanto, o escopo da trama gira em torno do prédio, em que Clara reside. Única moradora do pavimento, a experiente escritora não cede às investidas da construtora, que quer a todo custo comprar seu apartamento, para colocar tudo abaixo e construir um edifício comercial moderno no lugar. Mas por que Clara não quer vender? Por que é teimosa? Com certeza não. Apesar de muitos a taxarem de louca ou mesmo de egocêntrica, Clara só quer ficar no local que experimentou as mais variadas alegrias. No qual viveu mais de trinta anos de sua atribulada vida. Criou seus filhos. E lhe foi herdada de sua querida e iconoclasta tia. Enfim, o apartamento é muito mais que uma propriedade. É o lar e o objeto terno que abriga o aconchego dela. As pessoas envolvidas não entendem sua escolha. Nem sua filha mais velha e nem o filho dos antigos vizinhos. O engenheiro civil responsável pelo projeto do futuro empreendimento, conhecido por Diego Bonfim (Humberto Carrão), faz de tudo para convencer Clara a se mudar. Mesmo que seja na marra, diga-se de passagem. Diego aliás, é o típico playboy e “filhinho de papai” arrogante, que não mede esforço para passar por cima de quem não atende às suas vontades. Ele sabotou de inúmeras maneiras a tranquila convivência de Clara no Aquarius. De orgias barulhentas até o amanhecer com os amigos no andar de cima, a cultos lotados de evangélicos. Mas a gota d’água foi quando descobriram a colocada proposital de colônias de cupins nos apartamentos do bloco dez. Tudo com o claro intuito de condenar todo o local. Trapaça das grandes!   

            Clara diante do absurdo jogo sujo do qual enfrentava, resolveu contra-atacar. Chamou sua advogada e amiga para o levantamento de provas e possível abertura de ação judicial. Tirou fotos e passou informações cruciais para o jornal de um outro amigo de longa data. Clara, durante todo esse processo se mostrou muito forte e decidida. Em nenhum momento deixou de exercer seu direito de livre arbítrio. Afinal, se ela é proprietária do apartamento, é direito dela continuar morando lá. Não podemos nos deixar oprimir por corporações imobiliárias, políticos ou polícia. Ela deixou claro, que só sairia de lá depois de morta. Foi um verdadeiro exemplo de resistência e perseverança. Uma grande e complexa personagem, que só poderia ser interpretada pela grandiosa Sônia Braga. A veterana atriz paranaense, depois de muito tempo sem fazer uma protagonista, entrega uma atuação generosa e muito convincente. Parece que o papel fora feito para ela. Incrível! O elenco como um todo é de qualidade. Kleber Mendonça Filho faz uma direção bem lúcida, cheias de tomadas pouco usuais. A fotografia é bela e o roteiro ficou bem amarrado.     




             
             Aquarius, tem tudo para se tornar um dos grandes clássicos do cinema nacional daqui uns anos. Sofreu represálias antes mesmo de sua estreia. Tudo porque toda a equipe fez um protesto sincero em Cannes, contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. O ocorrido foi em maio e contou com cartazes de “Fora Temer!” e tudo. Liberdade de expressão, ora bolas! Por este posicionamento político, o Ministério da Justiça queria inicialmente impor a exagerada censura de 18 anos. Tudo para limitar o número de espectadores do longa nas salas de exibição. Mas depois de muita pressão popular e da classe artística, voltaram atrás e deixaram na plausível classificação indicativa de 16 anos. Todavia, o Governo Federal atual, que adora dar um golpe em seus adversários, fez com que o mediano “Pequeno Segredo”, fosse o escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Ridículo! Com Aquarius, não só ficaríamos entre os selecionados finais, como chegaríamos com chances reais de vitória. Michel Temer e sua trupe despreparada, pelo visto é contra os trabalhadores, movimentos sociais e, agora, contra a cultura nacional também.   

Bom, como eu e minha namorada não pertencemos à esdrúxula e estereotipada classe de “pessoas de bem”, fomos assistir à Aquarius no último sábado. E posso garantir que gostamos muito do que vimos. Boicote? Sim, eu faço! Mas com os desnecessários comentários de Reinaldo Azevedo e a lamentável linha editorial da revista “Veja”. Para eles e os demais críticos oportunistas eu digo: Viva a nova era de Aquarius!