Irmãos Ivan e Andria Busic lançam primeiro disco de trabalho da nova banda
RESENHA
– BUSIC – BUSIC
Por Paulo Henrique Faria
O
ano de 2016 foi difícil para o mundo artístico, especialmente para o Rock. Em
março nos despedimos de uma das melhores bandas que o Brasil já teve, a icônica
Dr. Sin. Entretanto, nove meses depois, os fãs do trio paulistano foram
brindados pelos irmãos Andria e Ivan Busic, que lançaram o primeiro álbum do
novo projeto deles. O grupo leva o sobrenome da dupla e traz ainda os
competentes guitarristas Hard Alexandre (Ex-Madgator) e Zeca Salgueiro (Mundo
Cao) como integrantes. O registro foi lançado no último dia 09/12 e possui 15
músicas bem ao estilo Hard Rock, tudo com letras em português. Bora agora pra
resenha de cada uma dessas excelentes faixas!
O
disco tem início com a dançante “Ação e Reação”. A pegada Hard Rocker é bem
perceptível logo nos primeiros riffs. A letra é uma espécie de protesto contra
as recorrentes brigas que assolam e separam familiares e, amigos de longa data.
O refrão tem melodias fortes e a guitarra solo de Hard Alexandre mostra a que
veio. Belo começo!
A
segunda é a pesada “Fúria Cega” que logo na abertura tem uma intro inspiradora
de batera de Ivan Busic. Com uma pegada mais rápida, a canção me remeteu ao som
do Velvet Revolver (Banda americana de Slash, Duff McKagan e Matt Sorum). As
linhas de guitarras da dupla Alexandre e Salgueiro são precisas aqui. A
temática lírica aborda a maneira como as pessoas acabam perdendo a cabeça, na
maioria das vezes por motivos torpes e fúteis. E esse problema acontece,
sobretudo, com maior frequência no trânsito carregado do dia a dia.
A
faixa três é o ótimo single “Só o Tempo Vai Dizer”. Ela foi a primeira a ser
divulgada e, ganhou ainda um clipe (que pode ser visto ao final do texto). Com
caráter, digamos, comercial a música tem daqueles refrãos que grudam na cabeça
dos ouvintes. Fala de otimismo na perspectiva da vida. Seguir em frente com
atenção à excelência, é sempre o melhor caminho. Assim como fizeram os irmãos
Busic, logo após ao fim do Dr. Sin. Os solos de Hard Alexandre são virtuosos e
repletos de feeling. O dueto nos vocais de Andria e Ivan são harmoniosos. Muito
bom!
A
quarta é a cadenciada “Escrava do Medo”. O instrumental é mais ameno nesta. O
violão entra em cena e traz um toque mais suave e melódico. Destaque para as
viradas com pedal duplo de Ivan no meio e, as boas linhas de baixo e vocais de
Andria. Não sei porque, mas lembrou o Rush, que certamente é uma das principais
influências dos caras. A letra faz referência aos lamentáveis e covardes
ataques que as mulheres sofrem de seus “companheiros”. A mulher é delicada como
uma flor e, como tal, deve sempre ser tratada com respeito e dignidade. Deve
ser entendida e, nunca culpada pelas decorrentes e lamentáveis agressões que
venha sofrer.
A
número cinco é a animada “Eu Acredito em Você”, que mistura muito bem
inspirações do Classic Rock do The Who, com a energia sonora dos grupos de Hard
Rock oitentistas. Andria Busic manda ver nos vocais com melodias bem elaboradas
e agudos drivados de qualidade. Eles novamente exploram o caráter positivo das
situações. Nos diz para não desistir e buscar alcançar nossos objetivos, com
afinco e determinação.
A
faixa seis é a Blues Rock “Na Estrada”, que tem nos vocais o batera Ivan Busic,
que aliás, se mostra afinado e competente também nesta função. O violão é
novamente bem presente, junto com o uso e abuso do slide de vidro nas
guitarras. Ao ouvir essa, logo me veio à mente as clássicas “Wanted Dead or
Alive” do Bon Jovi e “Bad Obsession” do Guns n’ Roses. A junção de Blues com
Hard funciona sempre bem. A letra fala sobre os excessos de uma vida regrada a
muito álcool, drogas e exibicionismos ao dirigir.
A
sétima é uma legítima balada Hard Rocker. Trata-se da delicada “Canção pra
Julie”, que o paizão Andria Busic fez questão de compor para sua querida enteada – que é como se fosse uma filha – Julie Veronezzi Sucar. A carga emocional passada no refrão – em tons bem altos –
por Andria mostra como é bonito o amor paternal. Recorda dos bons momentos
vivenciados na infância de Julie, que hoje é uma bela mulher. Linda homenagem
de pai para filha.
A
oitava, denominada “Cilada” é uma das melhores de todo o disco. Os riffs
iniciais são simples, mas muito criativos e inesquecíveis. Ponto para Zeca
Salgueiro. Esta canção entrega outras influências do quarteto. Os solos de
guitarra virtuosos me lembram os executados por Malmsteen, além de um “q” de
Scorpions. Hard Alexandre detona nos três solos de guitar apresentados. Na
parte lírica, aborda-se a malandragem que alguns brasileiros exercem sobre seus
conterrâneos. O “jeitinho brasileiro”, também conhecido como trapaça, sempre
nos leva para uma situação de desagradável ônus para uma das partes. Sem contar
dos assaltos e estelionatos, que são práticas – infelizmente – bem presentes no
nosso país. A faixa tem algumas variações rítmicas que a deixam bem dinâmica e
rica musicalmente. Boa demais!
A
número nove é a segunda balada “SOS Amanhã”, que tem gritante influência do
Pink Floyd. As linhas de guitarra até parecem que foram feitas pelo mestre
David Gilmore. O apelo acústico funciona, uma vez mais, muito bem. Aqui falam
do quanto nosso planeta está sendo poluído, degradado e destruído pelos seres
humanos. E pensar que o estúpido presidente eleito americano, Donald Trump,
acha que essa preocupação com o meio ambiente seja tudo uma falácia. Guerras,
doenças e injustiças são mencionadas. Uma verdadeira música-protesto. Seis
minutos de puro feeling e contestação!
A
mais pesada de todo o registro e, também a melhor, vem logo em seguida com
“Perigo”. A levada rápida da bateria, riffs dignos de Tony Iommi por parte dos
dois guitarristas, vocais afinados e fortes – o mais agressivo e bem feito até
então – de Andria, tornam a música um petardo sonoro. Variações de acordes e
solos frenéticos são entregues juntos com uma parte lírica que prima pelo
destaque de alerta, pela maneira como encaramos nossas respectivas vidas. Pela
corrupção que nosso país enfrenta, não só na política, mas nas variadas esferas
públicas. Todo cuidado é pouco. O refrão é o ponto forte. É objetivo, certeiro
e digno de ser cantado em uníssono por todos. Que pancada!
Na
sequência temos “Por Trás da Glória”, que novamente mistura muito bem Blues com
Rock. A construção de parte desta me lembrou um pouco Led Zeppelin. Ivan faz
uma dobradinha infalível de voz com seu irmão primogênito. A letra fala de uma
história de um roqueiro de sucesso, que traçou seu destino com muitas drogas,
mulheres e fama. Depois de tudo vivenciado, não consegue mais sentir tesão em
se reinventar artisticamente e, continuar sendo o grande compositor que se
tornou. Não reconhece nenhum lugar como lar e mergulha em uma triste depressão.
Esse enredo tem muito a ver com a história de dois grandes filmes de Hollywood:
“Rock Star” de 2001 e “Rock of Ages” de 2012.
A
décima segunda é mais uma canção romântica. “Máquina do Tempo”, é um legítimo
exemplo de como homenagear a sua amada. Fala de bons momentos vividos no início
e decorrer de uma paixão. Tem gaitas e solos de guitarra bem presentes. Andria
manda bem novamente com as linhas de baixo criativas e um vocal impecável.
Nota-se muita semelhança com “Crazy” do Aerosmith e “Since I Don’t Have You” do
Guns.
Na
sequência vem a agitada “O Bom e Velho”, que é uma merecida homenagem ao Rock
and Roll. Estilo de música que nos embala há mais de seis décadas. Eu não
consigo viver sem ouvi-lo. Você, sim? Aqui a pegada da guitarra remete ao Van
Halen e, no final uma grande menção ao hit “I Can’t Get No, Satisfaction” dos
dinossauros Rolling Stones. Belas referências.
O
penúltimo registro é a ótima faixa “Junto ao Coração”, versão em português da ótima "Closer to the Heart" do Rush. Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart
certamente vão ficar felizes ao ouvir. A letra também merece apreço, pois traduziu bem a mensagem original que fala
de como o ser humano pode ser próspero e revolucionário. Com honestidade,
inteligência e amor ao próximo, o homem fez e faz um mundo melhor. Justíssima homenagem!
A
derradeira é a intimista “Nossa Terra”, que exalta as virtudes e ressalvas que
o nosso amado Brasil possui. Enfrentamos a desigualdade social, a corrupção, a
criminalidade e os problemas naturais. Mesmo com todas as incidências que nos são
inerentes, somos um povo feliz e hospitaleiro. Um país de dimensões
continentais que tem tudo pra ser um dos mais desenvolvidos do mundo, no
futuro. No finalzinho há um coro muito interessante que é puro “Hey Jude” dos
Beatles. Viva o Brasil!
Busic
é um primeiro registro extraordinário de mais um novo super grupo. Eles resgatam
o que tínhamos de melhor no rock nacional, principalmente nos anos 80. Tem riquezas
de composição lírica e sonora. Arranjos bem elaborados, técnica e feeling de
todos. Além disso, entrega uma proposta muito legal, que é o de se fazer um
Hard Rock com letras no nosso idioma nativo. Faz homenagens aos grandes nomes
do cenário roqueiro mundial. Esse CD homônimo nos traz o que havia de melhor no
Dr. Sin e Mundo Cao. Tudo com inovação e dedicação dos membros. Em tempos de
bandas com pouco conteúdo musical, o Busic é um respiro muito significativo
para a cena. Esse é certamente o melhor disco brasileiro de 2016! Parabéns ao
quarteto!
NOTA:
9
Veja o clipe de “Só o Tempo
Vai Dizer”:
Membros:
Andria
Busic (Vocal e Baixo)
Ivan
Busic (voz e bateria)
Hard
Alexandre (guitarras e backing)
Zeca
Salgueiro (guitarras e backing)
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OFICIAL: http://www.busic.com.br
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Busic – Busic (2016, Busic Produções/ Unimar
Music – São Paulo, Brasil)
01. Ação e
Reação
02. Fúria
Cega
03. Só o
Tempo Vai Dizer
04. Escrava
do Medo
05. Eu
Acredito em Você
06. Na
Estrada
07. Canção
pra Julie
08. Cilada
09. SOS
Amanhã
10. Perigo
11. Por
Trás da Glória
12. Máquina
do Tempo
13. O Bom
e Velho
14. Junto
ao Coração
15. Nossa
Terra