Academia de Artes e Ciências Cinematográficas
entrega prêmios a atores negros e diretores árabes
Por
Paulo Henrique Faria
E o Oscar vai para... a diversidade!
Na cerimônia realizada ontem (26/02), em Los Angeles, os filmes “Moonlight: Sob
a Luz do Luar” e “La La Land: Cantando Estações” saíram como os dois maiores
vencedores da noite. O 89º maior prêmio do cinema mundial foi marcado por
escolhas certeiras – na maior parte delas pelo menos –, discursos de protestos
contra a política americana atual de anti-imigração e, no final uma gafe
histórica.
Das 24 categorias concorrentes, boa
parte dos vencedores foram bem merecidos. Destaque para a vitória do competente
Mahershala Ali – O “Remy Danton” da série “House of Cards” – como melhor ator coadjuvante, por seu papel em “Moonlight”; Viola Davis como melhor atriz
coadjuvante por “Um Limite Entre Nós”; Damien Chazelle como melhor diretor, por
“La La Land” e claro, pela consagração de “Moonlight” como melhor filme. As
ressalvas ficaram por conta de “Animais Fantásticos e Onde Habitam” como melhor
figurino e, “Esquadrão Suicida” como melhor cabelo e maquiagem. Acredito que o
próprio “La La Land” e “Star Trek: Sem Fronteiras” deveriam ter ganho nestas
categorias, respectivamente. São bem melhores que seus concorrentes.
Além da entrega de prêmios e belos
números musicais, o Oscar desse ano teve espaço ainda para algumas alfinetadas
bem dadas no atual presidente dos Estados Unidos (EUA), o desajustado Donald
Trump. O apresentador da atração, Jimmy Kimmel fez algumas piadas sobre as
declarações racistas e xenófobas do magnata. Chegou até a citá-lo diretamente
no Twitter (em uma direct messenger), ao vivo! O ator mexicano Gael García
Bernal também fez um comentário exaltando os valores dos imigrantes,
entretanto, as palavras que mais chamaram a atenção foram do diretor iraniano
Asghar Farhadi. Seu ótimo filme, “O Apartamento”, venceu como melhor filme
estrangeiro, mas, como forma de protesto, ele não compareceu para receber a
estatueta. Em seu lugar mandou dois representantes, que leram seu discurso que
agradecia por mais uma vitória – ele já havia vencido em 2012 por “A Separação”
– mas, pelas recorrentes perseguições contra os imigrantes árabes e, em especial
os iranianos e sírios, se recusou a ir à “Terra do Tio Sam”. Basta lembrar, que
até alguns dias atrás, Donald Trump fez de tudo para passar a medida provisória
que proibia pessoas de determinados países a desembarcarem nos EUA, dentre eles
o próprio Irã.
Outro “tapa na cara” dado em Trump e
seus admiradores conservadores, foi com relação à elevação de atores, diretores
e roteiristas afro-americanos nesta edição. Aliás, foi o oposto do ano anterior né. Ótimas
obras como “Estrelas Além do Tempo”, “Um Limite Entre Nós” e, sobretudo “Moonlight”
foram brindados com o reconhecimento da Academia. Este último, tem como enredo
uma história de um protagonista negro e gay, que sofre bullying na escola e,
ainda vê sua mãe sucumbir pelo vício em drogas. Os idiotas seguidores da seita
fascista Ku Klux Klan devem ter morrido de raiva!