segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Oscar 2017 premia a qualidade na diversidade

Academia de Artes e Ciências Cinematográficas entrega prêmios a atores negros e diretores árabes   



Por Paulo Henrique Faria

            E o Oscar vai para... a diversidade! Na cerimônia realizada ontem (26/02), em Los Angeles, os filmes “Moonlight: Sob a Luz do Luar” e “La La Land: Cantando Estações” saíram como os dois maiores vencedores da noite. O 89º maior prêmio do cinema mundial foi marcado por escolhas certeiras – na maior parte delas pelo menos –, discursos de protestos contra a política americana atual de anti-imigração e, no final uma gafe histórica.   

            Das 24 categorias concorrentes, boa parte dos vencedores foram bem merecidos. Destaque para a vitória do competente Mahershala Ali – O “Remy Danton” da série “House of Cards” – como melhor ator coadjuvante, por seu papel em “Moonlight”; Viola Davis como melhor atriz coadjuvante por “Um Limite Entre Nós”; Damien Chazelle como melhor diretor, por “La La Land” e claro, pela consagração de “Moonlight” como melhor filme. As ressalvas ficaram por conta de “Animais Fantásticos e Onde Habitam” como melhor figurino e, “Esquadrão Suicida” como melhor cabelo e maquiagem. Acredito que o próprio “La La Land” e “Star Trek: Sem Fronteiras” deveriam ter ganho nestas categorias, respectivamente. São bem melhores que seus concorrentes.   

            Além da entrega de prêmios e belos números musicais, o Oscar desse ano teve espaço ainda para algumas alfinetadas bem dadas no atual presidente dos Estados Unidos (EUA), o desajustado Donald Trump. O apresentador da atração, Jimmy Kimmel fez algumas piadas sobre as declarações racistas e xenófobas do magnata. Chegou até a citá-lo diretamente no Twitter (em uma direct messenger), ao vivo! O ator mexicano Gael García Bernal também fez um comentário exaltando os valores dos imigrantes, entretanto, as palavras que mais chamaram a atenção foram do diretor iraniano Asghar Farhadi. Seu ótimo filme, “O Apartamento”, venceu como melhor filme estrangeiro, mas, como forma de protesto, ele não compareceu para receber a estatueta. Em seu lugar mandou dois representantes, que leram seu discurso que agradecia por mais uma vitória – ele já havia vencido em 2012 por “A Separação” – mas, pelas recorrentes perseguições contra os imigrantes árabes e, em especial os iranianos e sírios, se recusou a ir à “Terra do Tio Sam”. Basta lembrar, que até alguns dias atrás, Donald Trump fez de tudo para passar a medida provisória que proibia pessoas de determinados países a desembarcarem nos EUA, dentre eles o próprio Irã.   

            Outro “tapa na cara” dado em Trump e seus admiradores conservadores, foi com relação à elevação de atores, diretores e roteiristas afro-americanos nesta edição. Aliás, foi o oposto do ano anterior né. Ótimas obras como “Estrelas Além do Tempo”, “Um Limite Entre Nós” e, sobretudo “Moonlight” foram brindados com o reconhecimento da Academia. Este último, tem como enredo uma história de um protagonista negro e gay, que sofre bullying na escola e, ainda vê sua mãe sucumbir pelo vício em drogas. Os idiotas seguidores da seita fascista Ku Klux Klan devem ter morrido de raiva!  

            Pra fechar o texto, comento agora o final cheio de erros da premiação. Ao anunciar o prêmio de melhor filme foi entregue envelope de melhor atriz. Assim, o casal de atores idosos Warren Beatty e Faye Dunaway se confundiram e, chegaram a anunciar “La La Land” como vitorioso. Porém, pouco depois, a produção percebeu o equívoco e, assim a reviravolta permitiu que a justiça fosse feita, dando os devidos créditos ao excelente “Moonlight”, como o grande ganhador. Certamente foi um dos erros – se não o maior – de toda a história do Academy Awards. Enganos à parte, “La La Land” levou seis estátuas douradas, “Moonlight” três e, “Manchester à Beira Mar” dois. Estes, certamente são os melhores filmes deste ano. Quem será que levará ano que vem, hein?

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Congresso Nacional nas mãos dos delatados

Eunício Oliveira e Rodrigo Maia estão envolvidos em esquemas de corrupção na Lava Jato. E como prêmio por suas respectivas lealdades, se apresentam agora como “testas de ferro” do Governo Temer 

 




 Por Paulo Henrique Faria 


                E o Congresso Nacional enfim escolheu seus “novos” líderes para os próximos dois anos. Para o Senado, o mais votado foi Eunício Oliveira (PMDB-CE) e, na Câmara foi reeleito Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ambos são da base do governo de Michel Temer e, prometem celeridade nas aprovações neoliberais do mesmo. Estas duas eleições foram corroboradas por um racha na esquerda.

            Eunício Oliveira, senador cearense que até então era o líder do PMDB na casa foi posto como novo presidente. Foram 61 votos favoráveis, dos quais muitos, inclusive, vieram dos agora adversários petistas. E pensar que o Partido dos Trabalhadores foi traído e assolapado do poder pelos peemedebistas há menos de um ano. Parece que não aprendem mesmo com os erros do fisiologismo partidário. Somente Lindbergh Farias, Gleisi Hoffman e Fátima Bezerra se colocaram contra a decisão de apoio aos “golpistas”. E pensar que Eunício é citado em algumas delações relativas à Operação Lava Jato. Ganhou até um apelido dos diretores da Odebrecht: “Índio”. Ele multiplicou seu patrimônio em quatro – declaradamente – nos últimos anos. E pior, suas empresas possuem R$ 703 milhões em contratos com a União.  

            Ontem, 02/02 foi a vez de Rodrigo Maia ser reconduzido à presidência da Câmara dos Deputados. Ele saiu vencedor ainda em primeiro turno, com 293 votos. O PC do B, assim como alguns dos seus colegas petistas, votou no “Botafogo”. Maia também é mencionado em diversas delações da Odebrecht e, como prêmio recebeu o apoio das bancadas tucanas e peemedebistas. Foi pelas mãos dele aliás, que as tenebrosas e plutocratas medidas como a aprovação da PEC 241/55 e a liberação de 30% do Pré-Sal para exploração estrangeira, foram aprovadas. Os próximos passos agora serão a aprovação da desumana reforma da previdência e a exploratória reforma trabalhista.   

            No mesmo dia da eleição parlamentar, foi definido no STF – por meio de sorteio – o novo relator da Lava Jato. Trata-se do ministro Edson Fachin, que possui perfil discreto, imparcial e objetivo. Ele fora indicado pela então presidenta Dilma Rousseff, para o lugar de Joaquim Barbosa. Espera-se que Fachin retire o sigilo das delações da Odebrecht, para que a população tome conhecimento de todas as tramas e nomes envolvidos em corrupção. Será que Eunício Oliveira e Rodrigo Maia durarão em seus respectivos cargos após a “Delação do Fim do Mundo”? Vamos aguardar.  


Divisões na Esquerda  


         O que também chamou a atenção nessa eleição da Câmara, foi a repentina e inoportuna candidatura da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP). Não que ela não seja merecedora do cargo, mas os parlamentares psolistas deveriam aderir à chapa amplamente divulgada do deputado progressista André Figueiredo (PDT-CE). Como fez o PT – não de forma integral – e até a Rede. Essa união é importante, não só para demarcar um levante contra o duvidoso Governo Federal atual. Serve também para fortalecer novamente o espectro político da centro-esquerda, sobretudo para as eleições do ano que vem. Se isso não ocorrer, a tendência é que o conservadorismo social e econômico tome conta de vez dos interesses da população brasileira. A oposição precisa deixar divergências ideológicas pontuais de lado e, seguir junta, em busca de melhores condições para o nosso combalido país.