domingo, 21 de agosto de 2016

O jogo maquiavélico de Ciro Gomes

Presidenciável busca apoios pontuais com políticos do PMDB para enfraquecimento de grupos políticos rivais  





Por Paulo Henrique Faria


    “ Eu vou é desmontar o PMDB! ”, revelou Ciro Gomes em entrevista para TV do Piauí na última semana. Esse recado vai para os incautos que atiraram pedras no pedetista nos últimos dias. Para quem não entendeu, o cara está fazendo o jogo político, pessoal. Está em processo de enfraquecimento do PMDB – Principal grupo usurpador na atualidade. Como? Simples, eu explico. A busca de apoio, para daqui dois anos, começou no Rio de Janeiro. Essa aliança - duvidosa e criticável - com o “almofadinha” de caráter duvidoso do Pedro Paulo e o detestável Eduardo Paes foi o estopim para que muitos repensassem o voto no “Cirão da Massa”. Vamos com calma galera. Existe ainda uma outra provável parceria com o senador Roberto Requião no Paraná. Com a senadora e ex-ministra Kátia Abreu no Tocantins. E com um dos maiores caciques do PMDB nacional, o famoso Iris Rezende (Prefeito várias vezes de Goiânia, ex-ministro, ex-governador e senador por Goiás).  

                   Ciro Gomes almoçou com Iris Rezende em Goiânia no dia 24/06
 
    Confesso que a aliança do PDT e PMDB no Rio e, até a do partido Brizolista com o conservador DEM lá em Fortaleza, não pegaram bem. Me lembra muito àquela que o Lula, PT e Fernando Haddad fizeram com o “eterno lalau” do Maluf, há quatro anos em São Paulo. Foi bem indigesto. A ponto da Luiza Erundina desistir de ser vice. Mas isso fez com que queimassem o ótimo Haddad? Com certeza não. Afinal ele se tornou prefeito da Capital Paulista. Aliás, se ele não vencer esse ano de novo, pode vir como o vice ideal de Ciro, em uma chapa encabeçada por PDT e PT.

                      Lula, Haddad e Maluf no anúncio da parceria de 2012

    Com essas coligações - algumas com pessoas de moral fraca e outras fora da podridão peemedebista - Ciro Gomes propõe um verdadeiro xadrez eleitoral. Estratégia política clara. Pois em 2018 esses dissidentes do PMDB vão apoiá-lo para presidente. Contrariando e enfraquecendo assim, os golpistas do Temer, Padilha, Aécio, Serra & Cia. Isso é Maquiavel puro! Portanto, vamos deixar de ignorância. Criticar sim, demonizar jamais! Vamos nos unir e fazer de Ciro Gomes presidente.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Irmãos do Rock

Eles têm em comum o sangue e também o gosto musical  





Por Paulo Henrique Faria


            Se por aqui muitos enxergam irmãos músicos como potenciais duplas sertanejas, o mesmo não se pode dizer – ainda bem! – dos gringos. E olha que no Brasil existem aqueles que foram na contramão do status quo. São vários os exemplos de filhos dos mesmos pais que trilharam um caminho de sucesso na cena roqueira. Essa união nos rendeu grandes bandas como: AC/DC, Scorpions, Van Halen, Heart, Oasis e Sepultura.  

            Os primeiros da lista, não poderiam vir de um lugar diferente que a Escócia. Sim, foi lá que nasceram Malcolm e Angus Young. Eles se mudaram ainda crianças para a longínqua Austrália e, lá fundaram um dos maiores nomes do rock de todos os tempos, o icônico AC/DC. O maior êxito veio com o marcante “Back in Black” de 1980, que elevou o estrelato dos caras ao nível global. Infelizmente no ano passado, Malcolm – o mais velho deles – foi diagnosticado com demência e teve que deixar seu posto. Em seu lugar entrou o caçula Stevie Young.  

            O segundo exemplo vem da Alemanha. Lá, os irmãos Rudolf e Michael Schenker fundaram e consagraram o expoente do Hard Rock Scorpions. A união dos manos durou pouco mais de três anos e, rendeu o disco de estreia “Lonesome Crow” de 1972. Um ano depois, Michael deixou a banda para integrar a inglesa UFO. Em seu lugar foi chamado o mestre Uli Jon Roth e, assim decolaram rumo ao estrelato.  

            Mas talvez a parceria mais bem-sucedida e conhecida do rock seja dos irmãos Van Halen. Migrados da Holanda para os Estados Unidos (EUA), adolescentes, eles conheceram o irreverente vocalista Dave Lee Roth. Este, curtiu o sobrenome pomposo dos caras e teve a ideia de batizar o grupo com ele. Com mais de 40 anos de carreira, tanto Eddie, quanto Alex se tornaram referência em seus respectivos instrumentos. O curioso é que o início da vida musical de ambos foi diferente das suas especialidades. Eddie começou no piano e depois se arriscou na bateria. Só mais tarde, ao perceber que seu irmão mais velho – que no começo pegou aulas de violão flamenco – era superior com as baquetas, se enveredou para o violão e, logo sem seguida para a guitarra. Ainda bem que eles decidiram trocar de funções. Os deuses do rock agradecem! 

            No rock internacional destaco ainda as irmãs Ann e Nancy Wilson do ótimo Heart; os brigões Liam e Noel Gallagher do Oasis; os engraçados Justin e Dan Hawkins do The Darkness; além dos pesados Vinnie Paul e Dimebag “Darrel” Abbott, do Pantera. Todos com grandes contribuições para o cenário rocker dos anos 1970, 1980, 1990 e 2000.    


Irmãos roqueiros brasileiros   


            O Brasil não fica atrás quando de se trata de parcerias entre irmãos no rock. O exemplo mais antigo é de Sergio Dias e Arnaldo Baptista. Eles formaram em 1968 Os Mutantes, que se tornou um símbolo do movimento tropicalista e o precursor do rock psicodélico brasileiro. Mais tarde, na onda da rebeldia ointentista, surgiu em Brasília Flávio e Fê Lemos. Com forte influência Punk fizeram com Renato Russo o Aborto Elétrico. Em 1982 fundaram o famoso Capital Inicial.  

            A irmandade, porém, é mais presente e destacável no Heavy Metal Nacional. Encabeçando esta premissa temos os fundadores do Sepultura, Max e Igor Cavalera. Formado em Belo Horizonte em 1984, os expoentes do Metal brazuca fizeram muito pela cena. Com mais de 20 milhões de cópias vendidas em todo o planeta, o grupo teve reconhecimento nos EUA e Europa nos anos 90. Uma pena que no final de 1996 eles se desentenderam e culminou na saída de Max. Igor ficou sem falar com seu irmão mais velho por dez anos. Até que Igor, recém egresso do Sepultura, fez as pazes e se apresentou com a banda de Max, o Soufly. Logo depois criaram o projeto “Cavalera Conspiracy”, que já lançou três CDs nos últimos oito anos.  

            Na cena metálica paulistana posso citar Yves e Pit Passarell, que compuseram respectivamente guitarra e baixo do inesquecível Viper. Na mesma época, surgia também o excelente Dr. Sin. Integrado pelos virtuosos irmãos Ivan e Andria Busic, os brothers encerraram as atividades do “Doctor” este ano, mas continuam tocando juntos em demasiados projetos. Dessa frutífera cena, temos ainda Luís e Hugo Mariutti. Eles tocaram com Andre Matos no Shaman e na carreira solo do cantor. Descendo um pouco, mais precisamente ao sul do país, encontramos ainda Alex, Max e Moyses Kolesne do Krisiun. Eles fazem relativo sucesso na Europa com seu brutal Death Metal de qualidade. Tocam juntos há mais de 25 anos.  

            Irmãos brigam, se amam, se odeiam e se reconciliam. Mas também fazem músicas da melhor qualidade. O sentimento fraternal é muito digno em todos os âmbitos. Mesmo com todas as dificuldades de temperamento ou mesmo de oportunidades, eles se juntam e formam verdadeiros esquadrões de excelência sonora. Quem me dera ter um irmão mais novo pra tocar bateria nas minhas bandas... acabaria com meus problemas. Um salve para os irmãos do rock!