segunda-feira, 12 de agosto de 2019

KIRCHNER & FERNÁNDEZ DÃO LIÇÃO PARA PROGRESSISTAS BRASILEIROS




 Por Paulo Henrique Faria
  

          E a boa notícia na política mundial veio da Argentina. Lá a coalização de esquerda formada pela ex-presidenta Cristina Kirchner e o advogado Alberto Fernández venceram neste domingo (11/08) as eleições primárias. Com quase 100% das urnas apuradas, Fernández e Kirchner obtiveram 47,66% dos votos, contra os 32,08% do atual presidente Mauricio Macri.     

            É verdade que as eleições definitivas argentinas só ocorrerão em outubro, mas esse expressivo resultado é sintomático de como “los hermanos” estão fartos da péssima administração do neoliberal Macri. E segundo analistas políticos de nossos vizinhos é muito difícil reverter 15 pontos de vantagem em dois meses. 

            Foi uma cartada de mestra de Cristina Kirchner, que mesmo tendo – no início do ano – a maior intenção de voto nas pesquisas, abdicou da cabeça de chapa e aceitou ser vice de Alberto Fernández. E nunca é demais lembrar que o mesmo Fernández fez parte dos governos kirchneristas de 12 anos e, apesar disso, rompeu com os mesmos na fase final. Entretanto, ambos deixaram de lado as diferenças, que se mostraram pequenas, e se juntaram pelo bem da Nação.   

            Cristina teve a grandeza e humildade que faltou a Lula no ano passado. Todo mundo sabia que o petista não poderia ser candidato e que o único candidato da centro-esquerda com chances de vitória era Ciro Gomes. Porém, o ex-presidente – de forma egocêntrica – foi contra todos os prognósticos desfavoráveis e preferiu ungir o “poste” Fernando Haddad; o resto é história.    

            O grupo político kirchnerista tem uma rejeição quase tão maior que a do PT aqui no Brasil. Por isso mesmo Cristina deu praticamente um “xeque-mate” na Direita argentina quando foi para a vice-presidência. Esperemos agora que Lula e o Partido dos Trabalhadores se espelhem nos nossos vizinhos progressistas e abra caminho para uma união da Esquerda em 2022. Ciro Gomes (PDT) segue sendo o nome mais forte da oposição brasileira e pode ter os bons nomes de Flávio Dino (PCdoB) e o próprio Fernando Haddad (PT) como vice. A tendência de vitória é alta! 

Obviamente essa união só sairá se o “São Lula” cair em si e entender que os interesses do País são mais importantes que os de projeto de poder. Encerro minha digressão com uma emblemática frase do caudilho e ex-presidente argentino Juan Domingo Perón: “Na ação política, a escala de valores de todo peronista é a seguinte: primeiro a pátria, depois o movimento, e depois os homens”.