Ex-prefeito de São Paulo
esteve na capital goiana por dois dias, onde realizou palestras e concedeu
entrevistas
Por
Paulo Henrique Faria
Fernando
Haddad é um professor formado em Direito, mestre em Economia e doutor em
Filosofia. Ingressou pra valer na política no ano de 2001, quando aceitou o
convite da então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, para ser o Subsecretário
de Finanças e Desenvolvimento Econômico da cidade. Entretanto, foi só entre
2005 e 2012 que ganhou notoriedade nacional, quando comandou de forma elogiosa
o Ministério da Educação dos governos Lula e Dilma. Haddad deixou a pasta para
ser eleito prefeito da capital paulista. Na sua gestão fez vários quilômetros de
ciclovias, revitalizou parques municipais, implantou melhorias no transporte e
ensino público. Mesmo depois de um bom mandato, se viu – injustamente –
derrotado nas eleições de 2016, para o marqueteiro e tucano empresário João
Doria.
Mas
o petista não se abateu com o revés e, atualmente voltou a lecionar em
universidades paulistanas. Nesta semana, Haddad desembarcou em Goiânia, para
palestrar no 43º Encontro Nacional de Estudantes de Economia (ENECO), que este
ano foi realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG) e, contou ainda com as
presenças do ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, além do vereador
e ex-senador Eduardo Suplicy. A palestra magna ocorreu na última terça-feira
(18/07) e levou um público superior a 400 pessoas, no Centro Cultural da UFG.
No dia seguinte, o ex-prefeito concedeu algumas entrevistas exclusivas, dentre
elas, uma para o blogueiro que vos escreve. Falamos sobre a condenação do
ex-presidente Lula; possíveis chapas para 2018; ofensiva na Cracolândia; violência
policial e reformas educacionais. Confiram abaixo a íntegra em vídeo da
conversa:
Pré-candidato ao Palácio do Planalto
explicou o grave momento econômico que o País passa
Foto: Samuel Rodrigues
Por
Paulo Henrique Faria
O
presidenciável pelo PDT Ciro Gomes esteve presente novamente em Goiânia nesta
segunda-feira (17/07), para ministrar a palestra magna do 43º Encontro Nacional
de Estudantes de Economia (ENECO), que ocorre até o próximo sábado na
Universidade Federal de Goiás (UFG). Este ano a temática foi: “Que País será
Esse? A Amplitude das Soluções para o Desenvolvimento Socioeconômico Brasileiro”.
Ciro já foi ministro da fazenda no Governo de Itamar Franco (1992-1995) e
possui ainda especialização em Economia na “Harvard School Law”. Antes da
apresentação universitária, Ciro concedeu entrevistas exclusivas para o jornal “Diário
da Manhã”, o televisivo “Programa Paulo Beringhs”, depois foi para a rádio
Interativa FM e, na sequência uma participação na TV UFG. (Ao final do texto
postarei vídeos e fotos de algumas delas).
O evento durou quase três horas e,
contou com uma ávida plateia de 800 pessoas. Também estiveram presentes os
companheiros de partido de Gomes, o deputado estadual goiano Karlos Cabral, o
vereador goianiense Paulinho Graus, além de membros da Juventude Socialista
Pedetista local. Ciro foi recebido com um caloroso grito de “Fora, Temer!” e,
explicou nos 50 minutos iniciais sobre como a macroeconomia brasileira se deteriorou
nos últimos anos. Tudo por meio de ações neoliberais ineficientes e plutocratas
dos últimos governos federais. Mencionou que nos últimos 40 anos o Brasil
cresceu apenas 1% ao ano, enquanto países asiáticos como China, Japão e a Coréia
do Sul prosperaram em números mais favoráveis de lá para cá. “No finzinho do
primeiro governo Dilma, a China ganhou a concorrência pra fornecer os uniformes
do Exército Brasileiro. Vocês imaginem o vexame! Aí nós demos um jeito lá de ‘rasgar
os papéis’, o Tribunal de Contas ‘fechou os olhos’ com medo do Exército. Porque
era o último nível de degradação simbólica, o Brasil uniformizar nossas Forças
Armadas com indústria têxtil chinesa”, revela Ciro.
Ciro Gomes também respondeu à várias
perguntas dos estudantes no auditório da UFG. Destacou nas intervenções que a
dívida pública brasileira já chegou ao alarmante dado de 48,2% do orçamento
total da União. Na ocasião, também elogiou o nome da auditora fiscal Maria
Lucia Fattorelli, a quem mencionou como “minha amiga” e, que encampa o
movimento “Auditoria Cidadã da Dívida”, desde o ano de 2001. “Como em bases
primárias, ou seja, o que o governo arrecada, mais o que o governo gasta vai
dar quase R$ 150 bilhões de déficit, nós não temos um pedaço de reserva para
abater, nem um outro vencido da dívida este ano; que serão mais ou menos R$ 482
bilhões em 2017. Então se somarmos esses valores, nos aproximamos de incríveis
R$ 1 trilhão, em um giro de um ano”, explica o ex-ministro.
Nesta terça-feira as palestras com
grandes figuras políticas nacionais continuam no ENECO, com a presença do
ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e, amanhã, dando prosseguimento o vereador paulistano Eduardo
Suplicy (PT). Ambos possuem mestrados em Ciências Econômicas.
Entrevista de Ciro Gomes ao site do jornal Diário da Manhã:
Entrevista de Ciro Gomes ao programa DQD da rádio Interativa FM:
Confira mais fotos da passagem de Ciro Gomes aqui por Goiânia. Crédito do fotógrafo Samuel Rodrigues:
Ex-ministro da fazenda criticou nesta
terça a aprovação da reforma trabalhista, na palestra proferida em Goiânia
Por Paulo Henrique Faria
O
presidenciável pelo PDT, Ciro Gomes ministrou palestra ontem (11/07) em Goiânia,
no Congresso Estadual da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), em Goiás.
Antes do evento ter início, ele concedeu uma coletiva de imprensa que durou 30
minutos. Já na tribuna, falou por duas horas sobre os principais desafios de se
garantir a importância e, a existência dos sindicatos por todo o país. Revelou
maneiras de se enfrentar a crise econômica brasileira e, a necessidade de
combater as injustas reformas trabalhista e previdenciária, que estão na iminência
de serem aprovadas. Segundo o pedetista, esta tática foi recorrentemente
aplicada pelas gestões macroeconômicas neoliberais mundo afora. “Essa agenda de
desmonte de sindicato, de desfinanciar sindicato, de quebrar o eixo do
movimento dos trabalhadores, para aviltar salários e, transformar em commodities, ou seja, em mercadoria,
isso é sistematizado pela Margaret Thatcher. Ali no princípio dos anos 80. E
agora, essa turma está repetindo o velho ‘modelo thatcherista’ que já fracassou
completamente na Inglaterra e no restante dos países”, explica Ciro Gomes.
Ciro Gomes durante sua fala na palestra da CSB em Goiânia
Compuseram ainda a mesa palestrante,
o presidente nacional da CSB, Antonio Neto, os vereadores goianienses Paulinho
Graus (PDT), Drª Cristina Lopes (PSDB), Kleybe Morais (PSDC), Gustavo Cruvinel
(PV), além de líderes sindicais. O evento ocorreu no Alpha Park Hotel e terá
programação até a próxima sexta-feira. Na segunda que vem (17/07), Ciro
regressará à Goiânia para falar no 43º Encontro Nacional de Estudantes de
Economia (ENECO), que nesta edição será realizado na Universidade Federal de
Goiás e, terá além de Ciro, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) –
na terça – e o vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT) na quarta. Na semana
que vem, o blogueiro que vos fala fará uma entrevista especial com o trio e
trará detalhes da cobertura do congresso econômico.
Documentário “Betting on Zero” desmascara
de maneira definitiva o esquema piramidal da Herbalife no mundo
Por
Paulo Henrique Faria
O ótimo documentário
“Betting on Zero”, que entrou no catálogo da Netflix em junho é um registro
revelador. Dirigido por Ted Braun, ele explica as minúcias da canalhice
econômica que a multinacional Herbalife realiza. A empresa norte-americana
“especialista” em fabricação de produtos para suplementos nutricionais, vende
uma ideia deturpada de emagrecimento e alimentação saudável. Entretanto, várias
pessoas já passaram mal ao ingerir tais itens, ao ponto, de diversos nutricionistas
de inúmeros países rechaçarem fortemente o uso de shakes, chás, sucos e barras
de cereais da marca.
O
filme destaca, sobretudo, o lado explorador financeiro da Herbalife, que se
mostrou como o maior esquema de pirâmide de todos os tempos. A fraude lá nos
Estados Unidos (EUA) teve como maiores vítimas: imigrantes latinos, que
sonhavam em prosperar monetariamente no novo país, além de cidadãos
estadunidenses de classe média baixa. Os representantes da empresa atraiam
estas pessoas e prometiam lucros rápidos com as vendas. Assim, os explorados
alugavam salas para estabelecer o seu “Clube de nutrição”. Eram ainda constantemente
instigadas à comprarem uma quantidade excessiva de mercadorias, com o engodo de
que quanto mais compravam, mais venderiam e, assim ganhariam pontos na
hierarquia empresarial. Entretanto, a grande maioria dos vendedores não
conseguiam comercializar metade dos produtos adquiridos e, tampouco tinham
êxito em atrair novos parceiros para ajuda na revenda. Resultado? Os indivíduos
contraiam dívidas que ultrapassavam a média de US$ 8 mil cada.
Dois exemplos de vítimas que
conheço bem de perto aqui no Brasil são minha mãe e tia. Ambas trabalharam por
mais de dois anos como representantes da Herbalife aqui na minha cidade –
Goiânia – e juntas tiveram o dissabor de obter mais de R$ 20 mil de ônus. Um ícone
de luta contra as arbitrariedades impostas nesta situação toda é o da professora
e ativista Julie Contreras. Filha de mexicanos, caiu no golpe e, quando se deu
conta da trapaça resolveu encampar protestos e reuniões contra a Herbalife.
Organizou uma representação jurídica e tudo, junto com seus parceiros da
comunidade. Atualmente Julie é a maior crítica entre os ex-participantes da
empresa e, exerce a interessante presidência da League of United Latin American Citizens (LULAC). Contreras também
se tornou uma notável lutadora pelos direitos civis de migrantes sem
documentação nos EUA.
Além
de bombásticas entrevistas e, lutas judiciais encampadas pelas vítimas que
foram enganadas pela Herbalife, o “Betting on Zero” apresenta como personagem
principal o investidor e ativista milionário Bill Ackman, que em dezembro de
2012 realizou uma apresentação com mais de 300 slides para uma grande plateia, explicando
como a empresa praticava condutas abusivas contra seus colaboradores e
clientes. “Você tem milhões de pessoas de baixa renda em todo o mundo que
investem na Herbalife as suas esperanças de se tornarem milionários e eles
foram enganados”, revelou Ackman. Cidadãos de países desenvolvidos como Holanda
e Coréia do Sul e, em desenvolvimento como Vietnã e Chile, entraram
desavisadamente no esquema global. Naquela época, Ackman se juntou com um grupo
de apostadores e resolveram “entrar de sola” contra a multinacional. Fizeram
uma série de apostas nas bolsas de valores, que resultaram na queda das ações
do alvo de US$ 42,50 para US$ 26 em poucas horas após a palestra.
Entretanto, dois bilionários
rivais de Ackman se inseriram na disputa; o primeiro foi Daniel Loeb, que em 9
de janeiro de 2013 comprou – de maneira oportunista – 8,9 milhões de ações da
Herbalife, o que equivale a 8,24% da companhia. Isso fez com que as
mesmas crescessem em dez pontos. Uma semana depois, foi a vez do também bilionário
Carl Icahn alegar na mídia que também havia comprado partes da Herbalife.
Ackman é um desafeto confesso de Icahn, pois ambos já se enfrentaram no banco
do tribunal, com melhor sorte para o primeiro, que recebeu alguns milhões de
indenização. Icahn se tornou um dos investidores mais temidos de Wall Street,
mas, sua fama de arrogante e perseguidor, logo se alinhou ao do bufão amigo, o
presidente americano Donald Trump. Por isso mesmo, Carl foi nomeado, no final
do ano passado, como conselheiro especial para assuntos de regulação da Casa
Branca. Que tríade de ricaços calhordas!
Outro abastado cara de pau, que Ackman
teve que combater de maneira efetiva, foi o até então CEO Michael O. Johnson,
que anos atrás deixou a direção da Disney para assumir o posto de chefão da
Herbalife. Johnson fez a firma crescer de maneira gigantesca nos últimos dez
anos. Realizava várias conferências incentivadoras – que mais pareciam
pregações evangélicas – e investiu pesado no marketing, contratando vários
esportistas do calibre de David Beckham, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi para
serem os garotos propagandas. Todavia, o “capitão” Michael abandonou o “navio” pouco
depois da Comissão Federal de Comércio impor uma multa de US$ 200 milhões para
a Herbalife. Apesar de todo o revés, a Herbalife continua a enganar pessoas
desde a sua fundação em 1980.
Bill Ackman alega que não
desistirá enquanto as ações da rival chegarem a zero, tal qual o título da obra
fílmica indica. Ackman prometeu que os milhões que conseguir nesta batalha
serão doados para instituições de caridade, dentre as quais estão LULAC e família latina unida, na qual fez questão de visitar e ouvir seus
indignados membros. Mais do que um exemplo de jornalismo investigativo, “Betting
on Zero” nos mostra de maneira clara como esquemas de redes de distribuidores independente
precisam ser extintos. Está mais do que evidente que apenas meia dúzia de
diretores e presidentes das mesmas lucram. Tudo por meio de um repasse absurdo
de dinheiro de quem está embaixo na cadeia empresarial para os “grandões” de
cima. O capitalismo selvagem precisa ser combatido diariamente. Espero que a
Herbalife venha a falência o quanto antes e, que estas práticas desleais sejam
reduzidas até desaparecerem completamente algum dia. Pelo bem da humanidade e,
para uma vida – de fato – melhor. Como diria os imigrantes latinos do filme: “Afuera
herbalies!”.