segunda-feira, 6 de agosto de 2018

UOL manipula informações sobre militância estudantil de Ciro Gomes



Site de notícias supõe que o presidenciável do PDT abrandou punições aos militares que cometeram crimes na época da Ditadura  


   
  
  

Por Paulo Henrique Faria  


O site UOL divulgou hoje (06/08) uma matéria com a seguinte chamada: “Militares monitoraram Ciro Gomes durante e após o fim da ditadura”. Quem se atentou apenas à chamada, entendeu que falariam abertamente da perseguição que Ciro sofrera dos militares lá no Ceará, nos seus tempos de militância estudantil. Ledo engano, pois manipularam – como é de praxe – a informação de que Ciro supostamente teria defendido abrandamento da pena para os torturadores do exército. 

A reportagem do UOL se baseou nas fichas de armazenamentos do antigo Serviço Nacional de Inteligência (SNI), que estão disponíveis no Arquivo Nacional e foram geradas entre 1979 e 1988. Nelas constam que Ciro foi preso no ano de 1979 em Fortaleza, por fazer parte de uma greve local. Ciro Gomes foi espionado durante o final da adolescência e ainda quando cumpria os mandatos de deputado estadual e, pasmem, até quando já era prefeito.   

Disseram também que o arquivo da SNI tinha a alcunha de “confidencial” e que Ciro participava de movimentos de esquerda. Ele apoiava a greve dos motoristas e cobradores de ônibus fortalezenses e distribuía panfletos a favor do protesto. Entretanto, horas depois a Polícia Militar interviu e prendeu Ciro e outros 11 estudantes participantes do ato.  

Até aí, nada de anormal. Porém, no meio da reportagem em diante a UOL começou a deturpar a informação veiculada. Disseram que Ciro Gomes era um dissidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e que supostamente teria pedido uma anistia aos crimes dos militares. Exatamente no trecho: “Ciro mostrou-se favorável à anistia dada aos torturadores da ditadura militar”. Isso é mentira! Ciro pediu para que os colegas de militância evitassem maiores represálias, haja visto que o Regime Militar só teve fim em 1985. Além disso, Ciro já mencionou em entrevistas anteriores que ajudou a rearticular a UNE no Ceará que chegou a liberar vários arquivos do DOPS cearense, quando foi governador do estado.    

O UOL não deu destaque – de propósito ou por pura conveniência mesmo – para a opinião contrária de Ciro ao Golpe de 64. Ciro, aliás, sempre critica com contundência as prisões arbitrárias, cruéis torturas e mortes terríveis ocorridas nos 21 anos de Ditadura no Brasil. Relaciona o nefasto período com o Fascismo e um Estado de Exceção. Para quem duvida, assistam a este trecho de uma das muitas palestras de Ciro pelas universidades: 

 

Troca de partidos 

A matéria enviesada do UOL também acusou Ciro Gomes de trocar em demasia de partido. Ciro está na sétima sigla, em quase 40 anos de vida pública. O inusitado é que não fazem a mesma cobrança para outros presidenciáveis como Jair Bolsonaro, que já está no nono partido, ou mesmo Marina Silva, que nos últimos dez anos passou por quatro agremiações partidárias diferentes. 

No início, com apenas 22 anos, Ciro entrou na política por imposição do pai, então prefeito de Sobral. Foi candidato a deputado estadual pela sublegenda PDS. Pouco depois de eleito, migrou para o principal partido da redemocratização no Brasil, o PMDB. Esse partido, em meio ao processo de “Diretas Já!”, abrigava desde liberais até comunistas e tinha quadros progressistas de centro-esquerda. Sobre este período, Ciro Gomes explicou com detalhes em recente entrevista: 


          Em suma, Ciro trocou de partidos porque os mesmos mudaram seu conteúdo programático e/ou se aliaram às figuras que são notoriamente contra os direitos dos trabalhadores no país. Nesta entrevista realizada para uma rádio nordestina ele conta essa trajetória:

 


            Portanto, Ciro Gomes foi novamente vítima de uma matéria difamatória e distorcida de mais um representante da mídia manipuladora brasileira; a mesma que apoiou fortemente o Golpe Militar instaurado em 31 de março de 1964. UOL, Folha de São Paulo, Estadão, Jovem Pan e Globo são os “jornalões” a que se Ciro se refere. Eles estão empenhados em queimar a imagem do ex-ministro com eleitores de direita e esquerda. Só que como bem disse Ciro: “eu agora tenho a minha turma pra me defender dos ataques”. O Partido da Imprensa Golpista pode até tentar arranhar a imagem de nosso protegido, mas, no mínimo, contarão com respostas à altura para cada investida mal-intencionada.