segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A nova era de “Aquarius”

Filme nacional retrata luta de moradora para continuar no prédio em que vive. Local e trama servem de cenário para as mais variadas “dedadas na ferida” no moralismo brasileiro


  

Por Paulo Henrique Faria



             O cinema nacional ganhou um integrante de respeito para sua admirável e guerreira filmografia. Falo do ótimo “Aquarius”, filme dramático dirigido pelo progressista Kleber Mendonça Filho e, protagonizado pela eterna diva brasileira, Sônia Braga. A obra aborda com muita felicidade temas espinhosos da nossa sociedade. São duas horas e vinte cinco minutos de tramas que perpassam os anos 80 e os dias atuais. Tudo na bela cidade litorânea de Recife.

            Bem, vou me ater às principais temáticas expostas na película, bem como seus principais pontos positivos; as dificuldades que enfrentou para exibição e a falta de reconhecimento de autoridades. Isto dito, destaco primeiramente a assertiva trilha sonora empregada. Logo no início, no ano de 1980, toca no som do icônico Opala o hit “Another One Bites The Dust” do Queen. Depois, com o desenrolar da história se ouve mais uma canção dos caras, com a animada “Fat Bottomed Girls”. O bom gosto sonoro não para por aí, pois entram em cena ainda Maria Bethânia e Roberto Carlos. A cultura pop internacional também ganhou destaque, com a exposição do grande pôster de “Barry Lyndon”, do gênio Stanley Kubrick, no apartamento. Além das referências ao mestre John Lennon.  

Todo esse bom gosto pertence à protagonista Clara – mas nos leva a crer que é influência íntima do roteirista e diretor Kleber Mendonça – interpretada brilhantemente por Sônia Braga. Uma Jornalista e escritora aposentada, que vive sozinha no apartamento oito, do velho edifício “Aquarius”. Outro fator interessante, foi o cuidado com o roteiro. Com cenas longas e diálogos bem colocados, é do tipo que nos prende atenção a todo instante. Clara enfrentou o terrível câncer de mama em 1980. Seu marido, fiel companheiro nesse momento difícil, falecera no final dos anos 90. Viúva, viu seus três filhos crescerem e se mudarem de casa. Mas Clara entra em depressão? De forma alguma. Com seus sessenta e poucos anos ela faz ginástica, vai à praia – que fica do outro lado da rua – e sempre revisita sua bela e extensa coleção de vinis.  

            Clara gosta de sair com suas amigas de mesma idade para casas de dança. Lá, acaba se relacionando com um senhor contemporâneo boa pinta. Depois de umas bebidas, do flerte mútuo e, da dançada, vão se beijar no carro do cara. Até aqui, tudo normal, mas, quando a coisa começa a ficar mais quente, é que vem a primeira polêmica. Clara teve que retirar a mama direita por conta do câncer e, ao perceber tal situação, o sujeito para de beijar e se oferece a deixá-la em casa. Acabou com o clima. Puta idiota preconceituoso, hein! Clara, não deixa por menos, recusa a carona e volta de táxi. É chavão, mas cabe muito bem aqui: “antes só do que mal acompanhada”.  

          E o empoderamento da mulher não para por ali. Clara se mostra independente na sua vida pessoal e financeira. Feminista convicta, dá valor nas lutas diárias que as demais mulheres têm que enfrentar no cotidiano. Trata sua empregada, dona Ladjane (Zoraide Coleto) como uma integrante da família. Vai na festa de aniversário dela e dá até presente. Aliás, Ladjane sofreu muito com o atropelamento do seu filho. Vítima de ato sórdido de um condutor alcoolizado, que se quer prestou socorro. Triste retrato da impunidade que vivenciamos, sobretudo nos crimes de trânsito.   

            Outros fatores polêmicos, principalmente aos olhos dos conservadores, surgem com o fato do filho mais novo de Clara ser homossexual assumido. A mãe mostra que sua índole é ímpar e clama pela visita do caçula junto do seu atual companheiro, do qual ainda não conhece. E a moral e os bons costumes levam outro duro golpe, quando Clara liga para um garoto de programa indicado por sua amiga. Sozinha, insone, com abstinência sexual e grilada por tudo que passava na vida pessoal, a “coroa” protagoniza cenas picantes com o contratado. Aliás, o sexo – como sempre deve ser – é tratado como algo comum no filme. Não para chocar e tampouco para propagar pornografia. Mas sim, para nos mostrar que este tabu precisa cair. Somos humanos, sentimos vontade e transamos. Então qual o problema de falarmos sobre??? As cenas possuem poucos cortes nestas horas. Ponto para Mendonça!   

            Entretanto, o escopo da trama gira em torno do prédio, em que Clara reside. Única moradora do pavimento, a experiente escritora não cede às investidas da construtora, que quer a todo custo comprar seu apartamento, para colocar tudo abaixo e construir um edifício comercial moderno no lugar. Mas por que Clara não quer vender? Por que é teimosa? Com certeza não. Apesar de muitos a taxarem de louca ou mesmo de egocêntrica, Clara só quer ficar no local que experimentou as mais variadas alegrias. No qual viveu mais de trinta anos de sua atribulada vida. Criou seus filhos. E lhe foi herdada de sua querida e iconoclasta tia. Enfim, o apartamento é muito mais que uma propriedade. É o lar e o objeto terno que abriga o aconchego dela. As pessoas envolvidas não entendem sua escolha. Nem sua filha mais velha e nem o filho dos antigos vizinhos. O engenheiro civil responsável pelo projeto do futuro empreendimento, conhecido por Diego Bonfim (Humberto Carrão), faz de tudo para convencer Clara a se mudar. Mesmo que seja na marra, diga-se de passagem. Diego aliás, é o típico playboy e “filhinho de papai” arrogante, que não mede esforço para passar por cima de quem não atende às suas vontades. Ele sabotou de inúmeras maneiras a tranquila convivência de Clara no Aquarius. De orgias barulhentas até o amanhecer com os amigos no andar de cima, a cultos lotados de evangélicos. Mas a gota d’água foi quando descobriram a colocada proposital de colônias de cupins nos apartamentos do bloco dez. Tudo com o claro intuito de condenar todo o local. Trapaça das grandes!   

            Clara diante do absurdo jogo sujo do qual enfrentava, resolveu contra-atacar. Chamou sua advogada e amiga para o levantamento de provas e possível abertura de ação judicial. Tirou fotos e passou informações cruciais para o jornal de um outro amigo de longa data. Clara, durante todo esse processo se mostrou muito forte e decidida. Em nenhum momento deixou de exercer seu direito de livre arbítrio. Afinal, se ela é proprietária do apartamento, é direito dela continuar morando lá. Não podemos nos deixar oprimir por corporações imobiliárias, políticos ou polícia. Ela deixou claro, que só sairia de lá depois de morta. Foi um verdadeiro exemplo de resistência e perseverança. Uma grande e complexa personagem, que só poderia ser interpretada pela grandiosa Sônia Braga. A veterana atriz paranaense, depois de muito tempo sem fazer uma protagonista, entrega uma atuação generosa e muito convincente. Parece que o papel fora feito para ela. Incrível! O elenco como um todo é de qualidade. Kleber Mendonça Filho faz uma direção bem lúcida, cheias de tomadas pouco usuais. A fotografia é bela e o roteiro ficou bem amarrado.     




             
             Aquarius, tem tudo para se tornar um dos grandes clássicos do cinema nacional daqui uns anos. Sofreu represálias antes mesmo de sua estreia. Tudo porque toda a equipe fez um protesto sincero em Cannes, contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff. O ocorrido foi em maio e contou com cartazes de “Fora Temer!” e tudo. Liberdade de expressão, ora bolas! Por este posicionamento político, o Ministério da Justiça queria inicialmente impor a exagerada censura de 18 anos. Tudo para limitar o número de espectadores do longa nas salas de exibição. Mas depois de muita pressão popular e da classe artística, voltaram atrás e deixaram na plausível classificação indicativa de 16 anos. Todavia, o Governo Federal atual, que adora dar um golpe em seus adversários, fez com que o mediano “Pequeno Segredo”, fosse o escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Ridículo! Com Aquarius, não só ficaríamos entre os selecionados finais, como chegaríamos com chances reais de vitória. Michel Temer e sua trupe despreparada, pelo visto é contra os trabalhadores, movimentos sociais e, agora, contra a cultura nacional também.   

Bom, como eu e minha namorada não pertencemos à esdrúxula e estereotipada classe de “pessoas de bem”, fomos assistir à Aquarius no último sábado. E posso garantir que gostamos muito do que vimos. Boicote? Sim, eu faço! Mas com os desnecessários comentários de Reinaldo Azevedo e a lamentável linha editorial da revista “Veja”. Para eles e os demais críticos oportunistas eu digo: Viva a nova era de Aquarius!  



terça-feira, 13 de setembro de 2016

"Sindicato de Ladrões" perde seu presidente

Cassação do gângster Eduardo Cunha promete render vários outros capítulos no combalido cenário político brasileiro  


  


Por Paulo Henrique Faria                


          E o maior manipulador que a Câmara dos Deputados já teve o desprazer de ter, finalmente caiu na noite de ontem (12/09). Eduardo Cunha chorou, negou de pé junto o envolvimento em corrupção, manobrou em regimentos, mas, não teve jeito. Levou de 450 a 10! Uma derrota acachapante, que promete ter uma futura delação envolvendo os pares peemedebistas e tucanos. Se tivermos mesmo justiça nesse país, o agora ex-deputado será condenado pelos seus vários crimes na política. Verdade seja dita, esse processo todo só foi possível graças ao empenho dos nobres deputados do PSOL e Rede (com menções honrosas a Ivan Valente, Chico Alencar, Luiza Erundina, Alessandro Molon e Aliel Machado). Eles entraram com a representação de cassação. A boa presidência no Conselho de Ética de José Carlos de Araújo e o contundente parecer do relator Marcos Rogério, foram importantes para referendar a expulsão exemplar do cacique.  

            Eduardo Cunha é uma figura política que certamente vai entrar para a história. Foi capaz de arrastar seu processo de cassação por longos 11 meses. Isso porque ele era poderoso? Não exatamente. Por pura chantagem mesmo. Ele comprovadamente recebeu propinas quase bilionárias de construtoras e, assim as repassava para seus pares corruptos na Câmara. Isso gerava uma gratidão eterna – ou não... – dos aliados. Foi determinante para a sua eleição à presidência da casa em fevereiro de 2015. Aliás, pouco mais de um mês depois dessa vitória, o ministro da educação na época, o ex-governador do Ceará Cid Gomes fez questão de ir pessoalmente desmarcar o achacador Cunha. Seu irmão mais velho, o ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes alertara sobre o mau-caratismo de Cunha há alguns anos, inclusive. Cunha está envolvido em tramoia desde o governo Collor, no qual presidia a TELERJ. Só cego ou conchavado para não perceber o quão pilantra é o parlamentar carioca.   

            Alguns tiveram a audácia – ou falta de vergonha na cara mesmo – de elogiar Cunha por ter aceitado o pedido de impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. Todos nós sabemos que ele o fez por pura vingança. Eduardo Cunha, até o final do ano passado, era visto como herói pelos famigerados líderes da MBL; também para os políticos conservadores (Não é mesmo Jair Bolsonaro e Marco Feliciano?!) e uma parte da população desinformada, que detém ódio do PT. Chegaram a dar para ele a alcunha de “Meu Malvado Favorito”. Que ridículo! Falando em direita, destaco aqui os votos contrários à cassação de Cunha. Dentre os 10 votos amigos, estão o fiel “cão de guarda” Carlos Marun (PMDB-MS), Paulinho da Força (SDD-SP) e Marco Feliciano (PSC-SP). Surpresa? Para mim, com toda certeza não. Larápio defende ladrão. Eles são corporativistas afinal. Ou então, estão é morrendo de medo de serem delatados, quando a “Caixa de Pandora” se abrir muito em breve. 


             

Futuro de Cunha: Delação ou Indiferença?  


            Eduardo Cunha perdeu o mandato e também seu valioso foro privilegiado. Desta maneira, seus dois processos como réu da Lava-Jato no STF serão automaticamente repassados para a justiça comum. Certamente um deles seguirá para a “República de Curitiba”, comandada pelo famoso juiz Sérgio Moro. É agora que eu quero ver se o tão contestado magistrado julga só o que lhe convém. Existem provas mais do que robustas de que Cunha recebeu e repassou propinas na Petrobrás, Furnas e Caixa Econômica Federal. E muitos desses recursos desviados foram remetidos para as contas na Suíça, que ele insiste em negar. Sua esposa, a madame dispendiosa Cláudia Cruz é cumplice. Se Moro realmente mostrar a que veio, investigará a fundo e condenará em mais de uma dúzia de anos de detenção para cada um deles. Assim, Cunha não terá outra alternativa. Ou delata os componentes do “Sindicato de Ladrões” ou mofará na cadeia. Depois da perda do mandato, Cunha fez questão de criticar abertamente seus ex-apoiadores. Colegas do PMDB, DEM e PSDB. Sobrou até para a Globo, vejam só! Em tom revanchista e magoado, disse ainda, na manhã de hoje que Moreira Franco (sogro do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia) foi quem garantiu o afastamento do Governo Federal da sua defesa. Eu sinceramente quero acreditar que de fato ele será enquadrado e fará a deleção premiada. Entretanto, acho difícil de ocorrer. As influências que Temer, Calheiros, Aécio, Serra & Cia limitada têm sobre o judiciário é grande. De todo modo, nunca é demais pedir pelo prazeroso: “Delata Cunha!”.
            

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O impedimento da democracia

Com a saída injusta de Dilma Rousseff, o voto de 61 senadores se mostrou mais importante que o de 54 milhões de eleitores   

  

Por Paulo Henrique Faria
  

Na última quarta-feira (31/08), testemunhamos o desfecho da maior farsa jurídica da história do Brasil. Trama que culminou na saída da primeira mulher a chegar no mais alto posto da nação, Dilma Vana Rousseff. Sim meus amigos, o impeachment travestido de “golpe” foi aprovado pelo voto de 61 senadores. Destes, dez são investigados pela Operação Lava Jato. Quem são eles? O presidente do Congresso Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Jader Barbalho (PMDB-PA), Benedito de Lira (PP-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Edison Lobão (PMDB-MA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Fernando Collor – aquele mesmo, pasmem! – (PTC-AL), Gladson Cameli (PP-AC) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Eles realmente têm moral para decidir tal questão. São figuras ilibadas e incontestes. 

            O processo é reconhecidamente mundo afora como “político”, uma vez que o ex-presidente da Câmara dos Deputados, o achacador Eduardo Cunha (PMDB), aceitou o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. Tudo porque a petista não aceitou chantagens indiretas do peemedebista, que exigia à três deputados do PT uma votação contrária, para abertura da sua cassação no Conselho de Ética. Como não foi atendido, Cunha, em um ato de vingança, acatou o pedido de impedimento. Quem foram os autores desse requerimento? A advogada Janaína Paschoal – que recebeu comprovadamente a quantia de R$ 45 mil para confecção da peça jurídica – Miguel Reale Júnior – Ex-Ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso – e Hélio Bicudo, jurista dissidente do PT. Mas quem está por trás dessa encomenda? O PSDB obviamente. Aécio Neves, Aloysio Nunes, José Serra & Cia enxergaram nesta brecha das tais “pedaladas fiscais”, o momento oportuno para derrubar o governo. Aliás, eles tentam isso desde janeiro de 2015. Maus perdedores estes Tucanos hein...

            Mas além do aceite, eles tinham que fazer com que o processo fosse aprovado pela maioria na Câmara. Como? Simples, com a influência de Eduardo Cunha sobre 200 deputados. Claro, a maioria já era da oposição e, boa parte do PMDB também. A outra parcela sairia da base governista (PR, PSD, PP e PTB) por troca de favores de Michel Temer a seus líderes partidários. O resultado, vocês, eu, os avôs, tias, esposas, filhos, Deus, Jesus, igrejas, cachorros, papagaios e, todo o país já sabemos bem. No Senado, foi avalizado em 12 de maio e, assim, Dilma foi afastada do cargo. Dias depois, as delações de Sérgio Machado caíram como uma bomba no governo interino de Temer. Áudios revelam a trama do PMDB, sobretudo no diálogo com Romero Jucá. Na conversa ele fala que é preciso tirar Dilma para “estancar a sangria” que a Operação Lava Jato estava a fazer na classe política. Assim, o caminho seria colocar o vice no poder. Em outros diálogos com Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney, disseram ainda que Dilma deu carta branca para a Polícia Federal e o Ministério Público investigar e, prender agentes envolvidos nos mais variados casos de corrupção pelo país. O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, chegou a pedir a prisão preventiva dos caciques ao STF. Pedido indeferido é claro.  

            Depois de dois meses de discussão na Comissão Especial no Senado, o pedido foi votado e encaminhado para julgamento. Este, teve início no dia 25/08 e teve decisão final na tarde da última quarta. Dilma foi considerada culpada – de qual crime? – pelo placar de 61 a 20. Entretanto, em decisão surpreendente, foi realizada uma “votação fatiada”. A primeira foi pela condenação ou não de crime de responsabilidade e, a outra pela inabilitação ou não dos direitos públicos. Como não se chegou no número necessário de 54 votos para inabilitação, Dilma permaneceu com a prerrogativa. Mas essa manobra política foi um alento? Nem tanto. Essa articulação começou há três semanas com a senadora Kátia Abreu (PMDB/MS) e o ex-ministro José Eduardo Cardozo. Eles contaram com o aval e ajuda de Renan Calheiros. Desta maneira convenceram uma relativa parte dos senadores que votariam a favor do impeachment e, até o presidente do tribunal, o ministro Ricardo Lewandowski. Mas por que ela foi absolvida?! Afinal não foi cometido crime??? Se você ainda tinha dúvidas que não, desfaça-se da sua venda ideológica que tapa seus olhos. Calheiros quis claramente jogar panos quentes no ímpeto que o PT e o PC do B brigarão, agora na oposição. Mas esse lance deixou os aliados do PSDB, DEM, PV e PPS “revoltados”. Tudo “ceninha” para exigir mais poderes na nova base governista.  
 



 


Pedalada Fiscal nos olhos dos outros é refresco 


            Os atrasos de ressarcimento dos decretos de créditos suplementares, popularmente conhecido como “pedaladas fiscais”, foram o motivo para enquadramento de crime de responsabilidade, feito pela acusação. As justificativas que regem a ação processual foram amplamente debatidas e, criticadas por juristas, senadores e economistas. As justificativas condenatórias eram frágeis. E não se provou o dolo. Peritos técnicos comprovaram que não foram identificados atos propositais da presidenta, que poderiam desta maneira acarretar nos atrasos do pagamento dos bancos públicos. Acusaram-na ainda de realizar as medidas sem aval do Congresso Nacional. Pois bem, eis que foi sancionada exatamente no dia de hoje, 02/09, a Lei 13.332 / 2016, que flexibiliza as regras para abertura de créditos suplementares sem a autorização de senadores e deputados. Em suma, o texto diz que é autorizado retirar até 20% de uma despesa, para pagar outra. Com o remanejamento de gastos de ações do governo. É isso mesmo minha gente, agora pode-se “pedalar” sem maiores problemas! Na verdade, essa prática sempre foi realizada pelos governadores dos Estados e ex-presidentes.   

Mas era necessário retirar Dilma e o PT do poder e, como tal arranjou-se um jeito de retirá-la definitivamente do Palácio da Alvorada. Vejam só como são absurdas as coisas. O seu algoz e inimigo político, Eduardo Cunha, até agora não foi cassado. Ele foi comprovadamente receptor de propinas multimilionárias. Mentiu sobre suas contas na Suíça. Se apropriou de recursos públicos. É um dos campeões em citações de delações premiadas protocoladas. E agora, seus aliados, querem adiar mais uma vez a votação de cassação marcada para o próximo dia 12 deste mês. É muita cara de pau! Dilma foi retirada do poder e, assim, a corrupção da alta cúpula conservadora brasileira tem caminho livre para praticar seus atos impopulares e plutocratas. A menos que aqueles que protestaram com a camisa da Seleção Brasileira acordem e peçam também a saída de Temer, junto de seus pares. Se não pelo famoso impeachment, que em 2018 se escolha uma terceira via séria e que não tenha relação com esse grupo golpista e corrupto.