segunda-feira, 22 de maio de 2017

Governos populares são voltados para a classe trabalhadora do país




Por Paulo Henrique Faria


Em tempos difíceis na política nacional é necessário restabelecer as boas iniciativas realizadas pelas importantes figuras populares do passado. Como disse o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes: “É preciso mostrar exemplos ao invés de falatório”. Nessa perspectiva positiva, surgem os nomes dos dois melhores presidentes que o país já teve: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Ambos imprimiram planos cruciais para desenvolvimento econômico e social de nossa nação. Investiram fortemente na estatização de companhias petrolíferas, siderúrgicas e, também na geração de energia elétrica. Abriram espaço para industrialização nas grandes cidades brasileiras e ampla geração de postos de trabalho. Responsáveis diretos ainda, por obras de ampla infraestrutura pelo Brasil afora. Entretanto, mesmo com suas grandes contribuições para a população – sobretudo para os mais pobres – os dois líderes progressistas foram alvos de incontáveis ataques de adversários políticos. Difamados e caluniados durantes anos, por grandes empresários da mídia, chefes militares e demais parlamentares oposicionistas. Estes oportunistas agiam desta forma, porque tanto Getúlio, quanto JK, não permitiram a entrega das nossas riquezas econômicas aos países estrangeiros. Eram verdadeiros nacionalistas preocupados com o crescimento de nossa terra e nosso povo. Getúlio Vargas por exemplo, implantou em 1943 a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Essa regulamentação proporcionou que os trabalhadores tivessem direito a salário mínimo, férias anuais, acompanhamento médico, previdência social e licenças.    

            Mesmo assim, a pressão foi tamanha, ao ponto que Getúlio Vargas se matou em agosto de 1954 e, assim adiou o golpe militar em pelo menos dez anos. Seus nobres feitos e legado popular foram seguidos por Juscelino e o vice João Goulart (Ministro do trabalho de Getúlio). Quis o destino que após o ótimo mandato de JK, Jango fosse novamente eleito vice-presidente e, com a renúncia de Jânio Quadros em 1961 pôde assumir o cargo de presidente junto com Tancredo Neves. Mas esta posse só foi garantida depois de muita resistência e combatividade do então governador do Rio Grande do Sul à época, Leonel de Moura Brizola. Por meio da “Campanha da Legalidade”, Brizola denunciava a tentativa de mais um golpe de forças militares e reacionárias contra o regimento da democracia. Diferente de Michel Temer, João Goulart foi o mais votado e, portanto, escolhido pelo povo para o honroso cargo de vice nas eleições de 1960.    

Infelizmente, o mandato de Goulart – a quem os inimigos taxavam erradamente de comunista – foi interrompido no dia 31 de março de 1964. O exército brasileiro, liderado pela ganância de poder de generais inescrupulosos, tomou as ruas e o palácio do planalto em Brasília. A constituição brasileira sofrera um duro golpe. Importantes nomes da política como os próprios Juscelino Kubitschek, João Goulart e Leonel Brizola tiveram seus mandatos cassados. Além disso, a classe artística composta por grandes nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram praticamente expulsos do país. Nestes tempos difíceis, a censura, truculência e corrupção prevaleceram em nossa sociedade.      




Brizola e o PDT  

Essa triste realidade só começou a mudar em 1979 com a promulgação da “Lei da Anistia”. Esta determinação propiciou a volta dos exilados políticos. Neste mesmo período, Leonel Brizola retornou ao Brasil e fundou uma importante nova sigla, o Partido Democrático Trabalhista (PDT). O símbolo e/ou logomarca entrega a síntese de objetivo da nova composição partidária. A “mão” representa a força do trabalhador e a “flor vermelha” a compaixão que o mesmo tem para com seus compatriotas. Brizola, que já havia erradicado o analfabetismo infantil no estado gaúcho, foi eleito governador do Rio de Janeiro em 1982. Mesmo contra as armações da Globo e seus aliados, conseguiu importantes conquistas sociais. Construiu, em parceria com os saudosos Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Isso possibilitou que milhares de crianças carentes fluminenses estudassem com melhores qualidades de ensino e estrutura física modelo.   

A educação e o bem-estar social, aliás, foram duas bandeiras levantadas por Brizola e o PDT desde então. O partido também foi importante na luta pelas causas indígenas, proposição da reforma agrária e mais direitos para as mulheres. Brizola foi um dos líderes das “Diretas Já”, movimento civil lançado em 1984 que determinava o anseio popular de se poder votar novamente, depois de mais de 20 anos de ditadura. Leonel de Moura Brizola ficou marcado como um defensor ferrenho da democracia, combatente da corrupção e um diminuidor da desigualdade social. Começou sua exemplar trajetória política na década 1940 no Rio Grande do Sul, como prefeito da capital Porto Alegre e, depois foi deputado estadual e governador. Logo após, se elegeu deputado federal pelo extinto estado da Guanabara e, ainda obteve dois mandatos de governador no Rio de Janeiro, posteriores à redemocratização. Foram mais de 50 anos de vida pública, cumpridos com determinação e honestidade. Atributos que são cada vez mais raros atualmente. Brizola nos deixou em 21 de junho de 2004, porém, seu brilhantismo perdura; como uma de suas excelentes frases entrega: “A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de riquezas apenas para alguns privilegiados”. 



quarta-feira, 10 de maio de 2017

A onda extremista que se tornou uma marola

Líderes da extrema-direita pelo mundo sofrem acachapantes derrotas 




  
Por Paulo Henrique Faria

“(...) O fascismo é fascinante, deixa a gente ignorante e fascinada (...)”, disse o poeta gaúcho do rock Humberto Gessinger. A Europa que já se viu dominada pela extrema-direita nos tempos de Hitler, Mussolini e Franco, recentemente voltou a flertar com seguidores desta ideologia doentia. Entretanto, à cada eleição realizada, esta “onda reacionária” se mostra apenas como algo cíclico e ineficaz. A percepção pessimista começou com o Brexit na Inglaterra e, logo em seguida com a infeliz vitória do abobalhado Donald Trump nos Estados Unidos (EUA). Especulou-se que dariam força para que outros líderes conservadores conseguissem êxito dali em diante. Ledo engano.
   
            Essa virada teve início ainda em dezembro do ano passado, quando o ecologista Alexander Van der Bellen venceu a eleição presidencial na Áustria, contra justamente o candidato da extrema-direita Norbert Hofer, que pasmem, está no partido FPÖ, fundado por ex-nazistas. Outro derrotado no movimento da direita radical europeia foi Geert Wilders. O holandês se espelha em Trump – inclusive no penteado – mas foi vencido pelo atual primeiro ministro Mark Rutte. Wilders tem ideias xenófobas e, se eleito prometia expulsar imigrantes refugiados, além de propor a saída da Holanda da União Europeia.   

            Nesta semana, a extrema-direita sofreu mais dois duros golpes democráticos. Primeiro na França e depois na Coréia do Sul. No domingo (07/05) o centrista Emmanuel Macron derrotou Marine Le Pen e se tornou o mais jovem presidente da França. Não que Macron seja o melhor dos mundos – longe disso aliás – mas sua visão de mundo é progressista. O oposto de Le Pen, que assim como o colega holandês, queria impor duras leis anti-imigração e o Frexit. Por mais que Macron seja um ex-banqueiro e tenha ideias econômicas mais liberais, seu governo deverá ser composto por figuras da esquerda francesa do Partido Socialista. Ele é especialista em economia e totalmente contra a saída da França da zona do euro. Afinal, não é fechando as fronteiras e voltando para o Franco que irá se combater o alto índice de desemprego por lá. Macron é dialogável, Le Pen não. E os resultados finais mostraram que os franceses se uniram para derrotar Marine, que ficou com somente 33,94% dos votos, ante os 66,06% de Macron. Foi uma verdadeira surra eleitoral, tal qual o pai Jean-Marie Le Pen sofrera há 15 anos. O patriarca da família Le Pen é aquele mesmo que declarou que o holocausto foi um mero “detalhe” na história.  

 O segundo revés da parte conservadora de grandes nações foi proferido pela eleição presidencial de ontem, do candidato de centro-esquerda Moon Jae-In, na Coréia do Sul. Moon é um líder ativista que sempre lutou pelas causas de Direitos Humanos. Ele pertence ao Partido Democrático e promete tentar restabelecer contatos com seus vizinhos norte-coreanos. Esta postura é levada em pauta, pois o novo presidente é filho de refugiados da parte nortista, que migraram durante a “Guerra das Coréias” nos anos 50. Este pleito só foi possível após o impeachment da ex-presidente Park Geun-Hye, que esteve envolvida em corrupção. Este caso inclusive, tem processos com diferenças sensíveis em relação ao Brasil. Aqui Dilma Rousseff foi deposta por pedaladas fiscais que não configuram como crime de responsabilidade. Soma-se o fato de no país asiático terem realizado novas eleições, enquanto pros lados de cá quem assumiu o poder foi justamente o vice conspirador. Com caráter conciliador, Moon quer continuar aliado dos EUA, mas pretende rever a instalação da base militar americana em solo sul-coreano. Afinal, o que Trump ganha ao querer bater de frente com Kim Jong-un? Guerras devem ser evitadas a todo custo!   

Em 2018 haverá eleições para presidente aqui no Brasil. E a tendência é que mais uma vez a extrema-direita sofrerá merecida derrota. Jair Bolsonaro (PSC) tem chances remotas de vitória e, diferente de seus semelhantes europeus, não tem plano de governo, capacidade intelectual e tampouco preparo para o cargo máximo da nação. Certamente será presa fácil para o preparadíssimo Ciro Gomes (PDT) nos debates e campanha. A extrema-direita sempre pregou a disseminação de preconceitos e discriminação. Possuem abertamente posturas xenófobas, racistas, misóginas, machistas e violentas. Acreditam no reducionismo do armamento civil para redução da criminalidade. Uns se dizem protecionistas/estatistas, mas no núcleo econômico são verdadeiros entreguistas de riquezas naturais aos grandes capitais estrangeiros. Adolf Hitler na Alemanha, Augusto Pinochet no Chile e os generais ditadores brasileiros são exemplos claros disso. Ter discurso – demagogo – focado no Estado não impede que essa escória pratique o capitalismo selvagem e/ou neoliberalismo, ok, amigos petistas que defenderam Le Pen e Trump?! Além da importante eleição de um líder de esquerda no Brasil, espera-se que Macri e Trump também percam suas reeleições. Por isso, nós do campo progressista devemos nos unir para banir de vez esse espectro ideológico desumano e plutocrata da política. O futuro de uma sociedade mundial harmoniosa e, cada vez menos desigual, depende fortemente disto.