Por
Paulo Henrique Faria
Em
tempos difíceis na política nacional é necessário restabelecer as boas
iniciativas realizadas pelas importantes figuras populares do passado. Como
disse o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes: “É preciso mostrar
exemplos ao invés de falatório”. Nessa perspectiva positiva, surgem os nomes
dos dois melhores presidentes que o país já teve: Getúlio Vargas e Juscelino
Kubitschek. Ambos imprimiram planos cruciais para desenvolvimento econômico e
social de nossa nação. Investiram fortemente na estatização de companhias
petrolíferas, siderúrgicas e, também na geração de energia elétrica. Abriram
espaço para industrialização nas grandes cidades brasileiras e ampla geração de
postos de trabalho. Responsáveis diretos ainda, por obras de ampla infraestrutura
pelo Brasil afora. Entretanto, mesmo com suas grandes contribuições para a
população – sobretudo para os mais pobres – os dois líderes progressistas foram
alvos de incontáveis ataques de adversários políticos. Difamados e caluniados
durantes anos, por grandes empresários da mídia, chefes militares e demais
parlamentares oposicionistas. Estes oportunistas agiam desta forma, porque
tanto Getúlio, quanto JK, não permitiram a entrega das nossas riquezas
econômicas aos países estrangeiros. Eram verdadeiros nacionalistas preocupados
com o crescimento de nossa terra e nosso povo. Getúlio Vargas por exemplo,
implantou em 1943 a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Essa
regulamentação proporcionou que os trabalhadores tivessem direito a salário
mínimo, férias anuais, acompanhamento médico, previdência social e
licenças.
Mesmo assim, a pressão foi tamanha,
ao ponto que Getúlio Vargas se matou em agosto de 1954 e, assim adiou o golpe
militar em pelo menos dez anos. Seus nobres feitos e legado popular foram seguidos
por Juscelino e o vice João Goulart (Ministro do trabalho de Getúlio). Quis o
destino que após o ótimo mandato de JK, Jango fosse novamente eleito
vice-presidente e, com a renúncia de Jânio Quadros em 1961 pôde assumir o cargo
de presidente junto com Tancredo Neves. Mas esta posse só foi garantida depois
de muita resistência e combatividade do então governador do Rio Grande do Sul à
época, Leonel de Moura Brizola. Por meio da “Campanha da Legalidade”, Brizola
denunciava a tentativa de mais um golpe de forças militares e reacionárias
contra o regimento da democracia. Diferente de Michel Temer, João Goulart foi o
mais votado e, portanto, escolhido pelo povo para o honroso cargo de vice nas
eleições de 1960.
Infelizmente,
o mandato de Goulart – a quem os inimigos taxavam erradamente de comunista –
foi interrompido no dia 31 de março de 1964. O exército brasileiro, liderado
pela ganância de poder de generais inescrupulosos, tomou as ruas e o palácio do
planalto em Brasília. A constituição brasileira sofrera um duro golpe.
Importantes nomes da política como os próprios Juscelino Kubitschek, João
Goulart e Leonel Brizola tiveram seus mandatos cassados. Além disso, a classe
artística composta por grandes nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso e
Gilberto Gil foram praticamente expulsos do país. Nestes tempos difíceis, a
censura, truculência e corrupção prevaleceram em nossa sociedade.
Brizola e o PDT
Essa
triste realidade só começou a mudar em 1979 com a promulgação da “Lei da
Anistia”. Esta determinação propiciou a volta dos exilados políticos. Neste
mesmo período, Leonel Brizola retornou ao Brasil e fundou uma importante nova
sigla, o Partido Democrático Trabalhista (PDT). O símbolo e/ou logomarca
entrega a síntese de objetivo da nova composição partidária. A “mão” representa
a força do trabalhador e a “flor vermelha” a compaixão que o mesmo tem para com
seus compatriotas. Brizola, que já havia erradicado o analfabetismo infantil no
estado gaúcho, foi eleito governador do Rio de Janeiro em 1982. Mesmo contra as
armações da Globo e seus aliados, conseguiu importantes conquistas sociais.
Construiu, em parceria com os saudosos Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, os
Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Isso possibilitou que milhares
de crianças carentes fluminenses estudassem com melhores qualidades de ensino e
estrutura física modelo.
A
educação e o bem-estar social, aliás, foram duas bandeiras levantadas por
Brizola e o PDT desde então. O partido também foi importante na luta pelas
causas indígenas, proposição da reforma agrária e mais direitos para as
mulheres. Brizola foi um dos líderes das “Diretas Já”, movimento civil lançado
em 1984 que determinava o anseio popular de se poder votar novamente, depois de
mais de 20 anos de ditadura. Leonel de Moura Brizola ficou marcado como um
defensor ferrenho da democracia, combatente da corrupção e um diminuidor da
desigualdade social. Começou sua exemplar trajetória política na década 1940 no
Rio Grande do Sul, como prefeito da capital Porto Alegre e, depois foi deputado
estadual e governador. Logo após, se elegeu deputado federal pelo extinto
estado da Guanabara e, ainda obteve dois mandatos de governador no Rio de
Janeiro, posteriores à redemocratização. Foram mais de 50 anos de vida pública,
cumpridos com determinação e honestidade. Atributos que são cada vez mais raros
atualmente. Brizola nos deixou em 21 de junho de 2004, porém, seu brilhantismo
perdura; como uma de suas excelentes frases entrega: “A educação é o único
caminho para emancipar o homem. Desenvolvimento sem educação é criação de
riquezas apenas para alguns privilegiados”.