Resultado do último levantamento presidencial mostra que o PT não emplacaria outro candidato do partido. Chances de um acerto com Ciro Gomes e o PDT crescem
Por Paulo Henrique Faria
E saiu mais uma rodada de pesquisas presidenciais do Instituto Datafolha. Os resultados tiveram poucas modificações em relação à última, realizada há exatamente dois meses. No cenário com todos os principais concorrentes temos o ex-presidente Lula (PT) na dianteira com 34%. Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (REDE), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) praticamente mantiveram seus respectivos resultados. As novidades - indigestas - foram o também ex-presidente Fernando Collor (PTC) e o apresentador global Luciano Hulk (Sem Partido).
Mesmo que Lula lidere e tenha - por incrível que pareça - aumentado suas intenções de votos nas disputas de segundo turno, contra todos os adversários, sua candidatura está cada dia mais improvável. Há uma semana o petista foi - injustamente - condenado em segunda instância pelo TRF-4, em Porto Alegre. Novamente afirmo que Lula não será preso, mas deverá ficar fora do pleito. Esse levantamento mostrou também, mais uma vez, que o PT não emplaca outro candidato de seus quadros. O ex-governador da Bahia e ex-ministro Jaques Wagner não passa de 2%. O ex-prefeito Fernando Haddad a mesma coisa. Esses índices, podem, nos próximos meses, levar o Partido dos Trabalhadores a apoiar o ex-governador cearense Ciro Gomes. Assim, a "chapa dos sonhos" formada entre Ciro Gomes presidente e Fernando Haddad vice ganha força.
No cenário sem Lula, Ciro Gomes e Marina Silva são os maiores herdeiros. É verdade que os votos nulos, brancos e abstenções alcançam os incríveis 28%; porém é pouco provável que permaneçam assim, mesmo sem o líder petista. Mas será que o PT vai mesmo deixar parte expressiva de seu eleitorado ir para a desafeta Marina Silva? Certamente que não. Todavia, não basta somente atacá-la, como em 2014. É necessário intensificar o "Plano B", ou melhor, o "Plano C", de Ciro, que mesmo sendo crítico aos erros dos governos Lula e Dilma, sempre foi leal a ambos, sobretudo nos casos do Mensalão e no Impeachment/Golpe de 2016.
O presidente nacional pedetista Carlos Lupi e o próprio Ciro Gomes almoçaram com parte da direção do PSB, em Pernambuco na semana passada. E já ensaiam uma futura coligação. Os resultados pífios do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa jogam a pá de cal em sua candidatura pelo partido de Miguel Arraes. Desta maneira, uma grande aliança progressista entre PDT, PSB, PC do B e PT pode vir a se realizar. As chances de vitória seriam altas.
Não empolgam
O ministro da fazenda Henrique Meirelles (PSD) e o presidente da Câmara de Deputados Rodrigo Maia (DEM) não engrenam. Em nenhum cenário ultrapassam 1% de votos. O mesmo vale para o candidato neoliberal João Amoêdo (NOVO). O governador paulista Geraldo Alckmin cresceu bem menos que o esperado. Isso fez com que o outsider Luciano Hulk crescesse e, de forma oportunista, aparecesse na pesquisa. A pergunta que me faço diante disto é: O quanto a Globo, o próprio Hulk e seus pares estão investindo nesse plano? Certamente é muito dinheiro!
Como é possível ver no quadro acima de rejeições, quase todos os pré-candidatos reduziram seus índices neste quesito. Exceto Lula, Huck e Collor. Ciro Gomes diminuiu em 1 ponto sua rejeição (Em novembro era de 22%) e segue sendo o menos rejeitado dentre os principais postulantes. Isso tem expressão na medida que o tempo vai avançado e, obviamente, as figuras que pleiteiam o Palácio do Planalto ficam mais conhecidas e/ou expostas na grande mídia. Aguardemos agora as vindouras pesquisas.
Veja todos os resultados da pesquisa Datafolha aqui: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1954606-sem-lula-disputa-por-vaga-no-segundo-turno-se-acirra.shtml