Depois
das eleições municipais deste ano, agora as atenções estão voltadas para o
destino político e partidário do Brasil
Por Paulo Henrique Faria
Passado o segundo turno das eleições
municipais, o que se viu foi uma confirmação daquilo que já presenciamos na
primeira parte da votação. PSDB, PMDB e parte expressiva do conservadorismo
cresceu, enquanto PT e, a parte mais à esquerda saiu – em sua maioria –
derrotada. No Rio de Janeiro a igreja evangélica chegou ao poder, mas obteve
26,75% de abstenção e 20,08% de brancos e nulos. Agora, as atenções já se
voltam para a corrida ao Palácio do Planalto. 2018 é logo ali, e me parece que
o grande embate deva ser entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
Das
57 cidades que houveram segundo turno neste pleito, destaco as grandes
capitais. Rio de Janeiro por exemplo, elegeu o representante direto da Igreja
Universal, o senador Marcelo Crivella (PRB). O bispo superou Marcelo Freixo
(PSOL), pela contagem de 59,37% ante 40,6% dos votos válidos. Crivella pelo
jeito conseguiu abrigar boa parte do eleitorado carioca cristão e conservador.
Todavia, outro dado chamou a atenção na Capital Fluminense: o alto índice de
abstenção, votos nulos e brancos. O movimento do “não voto” chegou aos
incríveis 2.034.352. Esse número é maior que a quantidade recebida por
Crivella, que foi de 1.700.030. Se formos levar em consideração só a quantidade
de eleitores que se quer compareceram às urnas, o número chegou a 1.314.950.
Isso é mais do que Freixo alcançou neste segundo turno, 1.163.662 de votos. Essa
onda rejeitadora pode, em geral, mostrar uma descrença do eleitorado na
atualidade. Ou até a negação aos candidatos que concorreram. Certo é que se o
PSOL fizer a leitura correta – ou seja, usar mais pragmatismo político e
estratégia eleitoral – faz de Marcelo Freixo senador pelo Estado do Rio de
Janeiro em 2018. Lá Crivella irá deixar seu suplente – que não tem força – e,
assim serão disponibilizadas duas vagas para o Senado Federal. As chances do
psolista são boas, portanto.
Outra
Capital que merece destaque é Fortaleza. O quinto maior colégio eleitoral do
país reelegeu Roberto Cláudio (PDT) para mais quatro anos de mandato. O médico
sanitarista venceu o deputado estadual e capitão reformado da PM, Capitão
Wagner (PR). Aliás, o que mais chamou atenção foi o embate entre seus
respectivos padrinhos políticos. Roberto Cláudio é aliado dos irmãos Gomes, que
são inimigos dos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB),
que apoiaram Wagner. Desta maneira, Cid Gomes (ex-governador do Ceará) surge
como nome forte para o senado, além é claro do primogênito Ciro Gomes, que
ganha ainda mais força para a disputa presidencial daqui dois anos. O PDT,
partido de ambos, cresceu no número de prefeitos Brasil afora. Agora detém 335,
dos quais três são de Capitais. O partido de Brizola se reafirma como um possível
sucessor do PT, pela liderança do campo progressista brasileiro. A vitória em
Fortaleza foi tão expressiva para o grupo político pedetista, que Ciro logo
após votar em sua seção na manhã deste domingo, chegou a confidenciar que “uma
inimaginável derrota aqui tiraria muito do estímulo para seguir na luta, pois,
se o melhor prefeito da história da cidade perde para um samango
desqualificado, a gente perde a esperança ", afirmou. Resta agora saber,
se Lula de fato não poderá se candidatar à presidente novamente e, assim, o
Partido dos Trabalhadores oficializará apoio ao ex-ministro cearense.
Do
outro lado do jogo, o PSDB apresentou um grande vencedor e outro perdedor.
Geraldo Alckmin bancou João Dória para a prefeitura de São Paulo e, o
empresário levou ainda no primeiro turno. Agora no segundo turno, ele conquistou
com seus aliados tucanos e pesebistas a maioria de outras cidades pelo Estado
paulista. Eles desbancaram o PT até no reduto histórico lulista, situado no
ABC. O mesmo sucesso não se pode enxergar em Aécio Neves. O senador mineiro viu
seu afilhado político João Leite perder a eleição em Belo Horizonte para o
ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil (PHS). Por isso, Alckmin dá
vários passos à frente de Aécio como presidenciável mais forte do PSDB. Sobre os resultados destas eleições, Alckmin
desconversou sobre o futuro. "2018 é outro momento. Agora, encerrada a
eleição municipal, que é uma eleição muito importante. Dizem que o século 19
foi o século dos impérios; o século 20, o século dos países; e o século 21 é o
século da cidade. Ela é a grande protagonista. Então, são governos
importantíssimos. Depois, o futuro a Deus pertence", tergiversa. Resta
esperar se as delações premiadas da Odebrecht vão deixar essa vitória
transparecer nos próximos 24 meses.
Já
Marina Silva, viu seu partido Rede Sustentabilidade eleger apenas um prefeito
de Capital, Clécio Luís em Macapá. A Rede conseguiu ao todo somente sete
prefeituras em todo o país. Quantidade bem abaixo do esperado por outros
dirigentes da sigla e, até para analistas políticos. Marina, que já caiu alguns
pontos nas últimas pesquisas, pode assim perder ainda mais força para a
terceira tentativa seguida de chegar ao Governo Federal.