sexta-feira, 16 de março de 2018

Uma jogada de mestre

Ciro Gomes se aproxima de Márcio França e o PSB em busca de uma aliança robusta   






 

Por Paulo Henrique Faria 



Na última terça-feira (13/03) um novo fato na política nacional chamou muito a atenção - especialmente a minha - de boa parte da imprensa no país: Ciro Gomes se encontrou com o vice-governador de São Paulo Márcio França. Preocupado em garantir simpatias Ciro não polpou elogios ao pessebista, em entrevista coletiva concedida horas antes da reunião em questão. Isso gerou manchetes de que ambos se aproximaram e, que, a aliança PDT & PSB está cada dia mais próxima de se concretizar. Não custa lembrar que Ciro Gomes e o presidente nacional do PDT Carlos Lupi almoçaram com o governador de Pernambuco e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, no mês passado. Ambos os lados saíram satisfeitos e elogiosos com a ocasião.   
   
Este indicativo também ganhou força há duas semanas, pois, em convenção nacional, o Partido Socialista Brasileiro deixou claro que não dará apoio à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin. Soma-se a isso as importantes vindas dos progressistas deputados Alessandro Molon, Aliel Machado e Carlos Minc para seus quadros. Todos eles já elogiaram a atuação e pretensão presidencial de Ciro Gomes. Aliás, o governador da Paraíba Ricardo Coutinho, também do PSB, já enalteceu em demasia o ex-ministro pedetista. A senadora baiana Lídice da Mata fez a mesma coisa essa semana. O PSB nos últimos meses retomou a sua histórica pauta de centro-esquerda e, como tal, afastou os parlamentares golpistas/conservadores que fizeram da sigla um "puxadinho do governo corrupto" de Michel Temer. O PSB é oposição declarada desde o segundo semestre do ano passado.   

Essa jogada de Ciro Gomes visa fazer com que Márcio França continue no PSB e, que, lhe garanta lugar expressivo no maior palanque do Brasil. França assumirá em caráter definitivo o governo paulista agora em abril. Se por um lado essa ação do Ciro beira ao brilhantismo, o mesmo - ainda bem - não se pode dizer das movimentações de seus adversários. Isso porque ele foi até ajudado, diga-se de passagem, pelas trapalhadas do engomadinho e ganancioso João Doria. O atual prefeito paulistano vai largar o mandato no meio (descumprindo uma promessa que havia feito antes de iniciar no cargo) e vai se lançar a governador. Certamente esse deve ter sido o acordo que demoveu Doria da pré-candidatura ao Palácio do Planalto, para assim, endossar seu padrinho político Geraldo Alckmin. Entretanto, Alckmin há um ano vislumbrava apoio do PSB em nível nacional e, depois, tentou - como  cartada final - trazer Márcio França para o PSDB. Todas as tentativas fracassaram. Imaginem que genial se Ciro Gomes derrotar Geraldo Alckmin no segundo turno para presidência e Márcio França faz o mesmo com João Doria pelo Palácio dos Bandeirantes. Seria um acontecimento político que, certamente, entraria para a história.   

Essas articulações se desenrolando, garantiriam que a vice na chapa com Márcio França fique com Gabriel Chalita, que, até então, era o natural candidato pedetista ao governo paulista. Se o PT cair em si e acompanhar esse visionarismo, pode se juntar à oposição ao PSDB e, enfim conseguir, romper 20 anos de mandos e desmandos dos tucanos por lá. Em 2022, certamente PSB e PDT cederiam lugar a algum nome forte petista para sucessão. Além dessas negociações, o mais provável é que o PDT retire a candidatura de Joe Valle ao governo do Distrito Federal, para apoiar a reeleição de Rodrigo Rollemberg. Pelo jeito, os palanques expressivos de Ciro Gomes crescem em ritmo acelerado Brasil afora.  


A sinceridade de Rui Costa  


As declarações certeiras do governador da Bahia Rui Costa (PT) caíram como uma bomba nas pretensões eleitorais controladoras e sectárias do Partido dos Trabalhadores. Para Costa, o PT, na exclusão do ex-presidente Lula, deveria abrir mão da cabeça de chapa e aclamar um candidato de outro partido do campo progressista. Esse recado é um indício de que dentro do PT tem uma ala expressiva que quer apoiar Ciro Gomes para presidente. Nomes como Jaques Wagner, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy e Camilo Santana (afilhado político de Ciro inclusive) vivem elogiando o ex-governador do Ceará. Sobretudo no que diz respeito à sua lealdade nos momentos difíceis pelo que o PT passou em 2006, como no emblemático e oportunista caso do "Mensalão".  
  
Rui Costa também ventilou que o PT necessita realizar autocrítica; parar com o discurso repetitivo e ineficaz de "golpe"; admitir erros realizados no poder central e unir a Esquerda.   

Uma outra verdade inconveniente, contida nas entrelinhas, aos ouvidos petistas é de que sem Lula na disputa, eles não possuem outro concorrente com chances reais de vitória. Basta ver os resultados pífios nas últimas pesquisas de Haddad e Wagner, por exemplo. Portanto, se Ciro Gomes conseguir de fato trazer o PSB e, por consequência, o PT para junto de si, vai dar um verdadeiro "xeque-mate" neste jogo de xadrez que se tornou a corrida presidencial deste ano. A conferir!