terça-feira, 9 de outubro de 2018

Vencedores e perdedores das eleições 2018





Por Paulo Henrique Faria


No último domingo o Brasil conheceu os “novos” integrantes do Congresso Nacional. Alguns governadores foram eleitos no primeiro turno e para a disputa presidencial haverá segundo turno. Os três maiores partidos brasileiros (MDB, PSDB e PT) até aqui foram os grandes derrotados deste pleito.  

O MDB por exemplo saiu de 51 cadeiras na Câmara Federal para 34 agora. O PSDB de 49 para 29 e o PT de 61 para 56. É verdade que a bancada petista ainda é a maior, entretanto o partido foi praticamente varrido fora do Nordeste. No Senado o MDB agora contará com 12 nomes, o PSDB com nove e o PT com seis.  

O Partido dos Trabalhadores não conseguiu eleger senadores no Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Figuras tradicionais da sigla como Eduardo Suplicy, a ex-presidenta Dilma Rousseff e Lindbergh Farias não conseguiram se eleger. A exceção na parte de baixo do mapa foi a reeleição do senador Paulo Paim no Rio Grande do Sul.  

O PSDB também viu nomes importantes de seu quadro nacional, como o quatro vezes governador de Goiás, Marconi Perillo ficar em um modesto quinto lugar na disputa do senado e, de quebra, não fez seu sucessor, o ex-vice e atual governador José Éliton. Beto Richa foi preso e também teve votação pífia para o senado no Paraná. Pedro Taques – o traíra que se elegeu pelo PDT e foi logo depois correndo para o PSDB – ficou apenas em terceiro lugar na disputa mato-grossense. Cássio Cunha Lima e Aloysio Nunes também dançaram.
  
No caso do MDB, a derrota foi ainda mais expressiva. Boa parte do “lado quadrilha” emedebista formada por Romero Jucá, Eunício Oliveira, Valdir Raupp, Garibaldi Alves Filho e Edison Lobão ficaram a ver navios em 2018. A única derrota lamentada, por mim e os nacionalistas de plantão, ficou por conta do combativo senador paranaense Roberto Requião.   

 Além disso, o clã Sarney foi derrotado de uma vez por todas no Maranhão pelo governador Flávio Dino (PC do B), que se reelegeu em primeiro turno e de quebra colocou Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS) no Senado por lá. Outros nomes deploráveis e/ou golpistas como Magno Malta, Cristovam Buarque e Roberto Freire também ficaram de fora da vida parlamentar em Brasília.  

E os vencedores?

É certo que Jair Bolsonaro e, seu atual partido, o PSL foram os grandes beneficiados pela onda ultraconservadora no país. A sigla neoliberal de aluguel que mantinha oito deputados, agora tem o segundo maior grupo com 52 lugares. Não possuíam nenhum senador e a partir do ano que vem ficarão com quatro, sendo um destes o filho mais velho do ex-capitão, Flávio Bolsonaro – aquele que costuma desmaiar nos debates.   

Sinceramente acredito que Bolsonaro infelizmente já levou essa disputa presidencial. Esse segundo turno com Fernando Haddad só adiou o inadiável. “São Lula” achou que poderia operar mais um milagre. Porém, ele e o PT erraram feio na estratégia, pois não quiseram colocar Ciro Gomes como cabeça de chapa e o próprio ex-prefeito paulistano de vice. Certamente se o tivessem feito o desfecho seria outro, mas isso é assunto para outro texto.  

Pra além dos óbvios beneficiados que a grande imprensa gosta de martelar, existe uma nova frente no campo progressista que saiu fortalecida disso tudo: O PDT. Sim, a sigla brizolista saltou de 19 deputados para 28 representantes. Agora conta também com quatro senadores. Esse crescimento pedetista certamente foi impulsionado pela candidatura presidencial de Ciro Gomes. Seu honroso terceiro lugar, com mais de 13 milhões de votos, motivou inúmeros jovens a se engajarem em política; o que certamente resultará em uma filiação em massa ao Partido Democrático Trabalhista nos próximos dias e meses.  

A militância virtual cirista aliás bateu de frente com os numerosos e insuportáveis bolsominions nesta eleição. Estes mesmos já clamam para Ciro não desistir da vida pública e tentar novamente daqui quatro anos.

No meio deste infortúnio, Ciro Gomes ajudou seu irmão mais novo Cid Gomes a se tornar o senador com a maior votação proporcional do Brasil. Nunca é demais lembrar que Cid foi um ótimo governador cearense – como o primogênito na década de 1990 – e que foi o primeiro a chamar, pra todo mundo ver, Cunha de ladrão e achacador na Câmara dos Deputados em 2015. Cid deve se juntar ao experiente e sagaz petista Jaques Wagner e, juntamente de Ciro, devem liderar a nova oposição já em 2019.  

Bolsonaro deverá ser uma continuação truculenta do sofrível governo Temer. Se opondo a tudo isso pode surgir uma frente formada por PDT, PT, PC do B, PSB, Rede, PSOL, Avante e demais siglas de Centro. Estes deverão fazer uma oposição ferrenha e organizada contra o entreguismo da nova extrema-direita bolsonarista. Se Ciro vier como cabeça de chapa e for acompanhado de um nome forte petista – talvez até o próprio Wagner – em 2022, a esquerda voltará ao poder central da Nação. Para isso ocorrer basta deixar o hegemonismo egoísta de lado e juntar forças.  

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

UOL manipula informações sobre militância estudantil de Ciro Gomes



Site de notícias supõe que o presidenciável do PDT abrandou punições aos militares que cometeram crimes na época da Ditadura  


   
  
  

Por Paulo Henrique Faria  


O site UOL divulgou hoje (06/08) uma matéria com a seguinte chamada: “Militares monitoraram Ciro Gomes durante e após o fim da ditadura”. Quem se atentou apenas à chamada, entendeu que falariam abertamente da perseguição que Ciro sofrera dos militares lá no Ceará, nos seus tempos de militância estudantil. Ledo engano, pois manipularam – como é de praxe – a informação de que Ciro supostamente teria defendido abrandamento da pena para os torturadores do exército. 

A reportagem do UOL se baseou nas fichas de armazenamentos do antigo Serviço Nacional de Inteligência (SNI), que estão disponíveis no Arquivo Nacional e foram geradas entre 1979 e 1988. Nelas constam que Ciro foi preso no ano de 1979 em Fortaleza, por fazer parte de uma greve local. Ciro Gomes foi espionado durante o final da adolescência e ainda quando cumpria os mandatos de deputado estadual e, pasmem, até quando já era prefeito.   

Disseram também que o arquivo da SNI tinha a alcunha de “confidencial” e que Ciro participava de movimentos de esquerda. Ele apoiava a greve dos motoristas e cobradores de ônibus fortalezenses e distribuía panfletos a favor do protesto. Entretanto, horas depois a Polícia Militar interviu e prendeu Ciro e outros 11 estudantes participantes do ato.  

Até aí, nada de anormal. Porém, no meio da reportagem em diante a UOL começou a deturpar a informação veiculada. Disseram que Ciro Gomes era um dissidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e que supostamente teria pedido uma anistia aos crimes dos militares. Exatamente no trecho: “Ciro mostrou-se favorável à anistia dada aos torturadores da ditadura militar”. Isso é mentira! Ciro pediu para que os colegas de militância evitassem maiores represálias, haja visto que o Regime Militar só teve fim em 1985. Além disso, Ciro já mencionou em entrevistas anteriores que ajudou a rearticular a UNE no Ceará que chegou a liberar vários arquivos do DOPS cearense, quando foi governador do estado.    

O UOL não deu destaque – de propósito ou por pura conveniência mesmo – para a opinião contrária de Ciro ao Golpe de 64. Ciro, aliás, sempre critica com contundência as prisões arbitrárias, cruéis torturas e mortes terríveis ocorridas nos 21 anos de Ditadura no Brasil. Relaciona o nefasto período com o Fascismo e um Estado de Exceção. Para quem duvida, assistam a este trecho de uma das muitas palestras de Ciro pelas universidades: 

 

Troca de partidos 

A matéria enviesada do UOL também acusou Ciro Gomes de trocar em demasia de partido. Ciro está na sétima sigla, em quase 40 anos de vida pública. O inusitado é que não fazem a mesma cobrança para outros presidenciáveis como Jair Bolsonaro, que já está no nono partido, ou mesmo Marina Silva, que nos últimos dez anos passou por quatro agremiações partidárias diferentes. 

No início, com apenas 22 anos, Ciro entrou na política por imposição do pai, então prefeito de Sobral. Foi candidato a deputado estadual pela sublegenda PDS. Pouco depois de eleito, migrou para o principal partido da redemocratização no Brasil, o PMDB. Esse partido, em meio ao processo de “Diretas Já!”, abrigava desde liberais até comunistas e tinha quadros progressistas de centro-esquerda. Sobre este período, Ciro Gomes explicou com detalhes em recente entrevista: 


          Em suma, Ciro trocou de partidos porque os mesmos mudaram seu conteúdo programático e/ou se aliaram às figuras que são notoriamente contra os direitos dos trabalhadores no país. Nesta entrevista realizada para uma rádio nordestina ele conta essa trajetória:

 


            Portanto, Ciro Gomes foi novamente vítima de uma matéria difamatória e distorcida de mais um representante da mídia manipuladora brasileira; a mesma que apoiou fortemente o Golpe Militar instaurado em 31 de março de 1964. UOL, Folha de São Paulo, Estadão, Jovem Pan e Globo são os “jornalões” a que se Ciro se refere. Eles estão empenhados em queimar a imagem do ex-ministro com eleitores de direita e esquerda. Só que como bem disse Ciro: “eu agora tenho a minha turma pra me defender dos ataques”. O Partido da Imprensa Golpista pode até tentar arranhar a imagem de nosso protegido, mas, no mínimo, contarão com respostas à altura para cada investida mal-intencionada. 


segunda-feira, 11 de junho de 2018

Pesquisa Datafolha começa a definir tendências




Por Paulo Henrique Faria

No último domingo (10/06) o instituto Datafolha apresentou uma nova rodada de pesquisa presidencial. Os resultados não obtiveram parciais com grandes destaques em relação à última enquete, de dois meses atrás. Entretanto, já reforça tendências que ganham cada vez mais efetividades, como uma nova polarização de forças políticas entre Ciro Gomes x Jair Bolsonaro; PT e PSDB em situações difíceis; Marina Silva estagnada e, provavelmente, isolada nas eleições.   

          Como já é ponto pacífico entre os cientistas políticos e analistas eleitorais de que o ex-presidente Lula não poderá disputar novamente o pleito à presidência, falarei dos cenários sem o líder petista. Neles, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) lidera com 19% das intenções, seguido da ex-ministra Marina Silva (Rede) entre 15% e, em terceiro, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) com 10%. Estes três players já estão consolidados nos dois dígitos e dificilmente serão rebaixados deste patamar. 

          No segundo pelotão aparecem respectivamente o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) com 7%; o senador Alvaro Dias (Podemos) com 4% e, ambos os “Planos Bs” do PT, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e o ex-governador da Bahia Jaques Wagner não saem do 1%. Confiram estes resultados no quadro abaixo:   


            Outro fator de grande interesse desta Datafolha diz respeito às simulações de segundo turno. Nelas, apenas Marina Silva e Ciro Gomes se dão bem nos confrontos diretos. Ciro venceria Bolsonaro e Alckmin (Em abril ele empatava com ambos) e ganha com folgas de Haddad. O pedetista só perderia para Marina Silva, que leva vantagem sobre todos os demais. Chama atenção ainda o fato de Fernando Haddad - hoje o mais cotado para ser o candidato substituto do PT – perder em todos os cenários testados. Veja adiante: 

    
          Muitos petistas podem tentar justificar o fraco desempenho de Haddad e Wagner, alegando que ambos não são tão conhecidos do grande público. Ora, os dois já estão há muito tempo na política; um já foi prefeito da maior cidade do país e o outro governador do quarto estado brasileiro. Já foram ministros com destaques nos governos Lula e Dilma. Portanto, a militância lulopetista se engana em tentar rebater estas comprovações por este viés de desconhecimento popular. 

           Um outro indicador favorável a Ciro Gomes – principal representante remanescente da Esquerda – é o item rejeição. Ciro continua com a menor dentre os principais pré-candidatos. Estacionou nos 23% e teve poucas oscilações do ano passado para cá. Ciro voltou a ser muito conhecido pela grande exposição na mídia nos últimos 18 meses e, portanto, vê seu potencial de voto crescer a cada pesquisa. Veja os números a seguir: 


            Aliás Ciro Gomes incomoda a quase todos os seus adversários neste ano de 2018. Isso porque o PDT está na iminência de fechar alianças com PSB. Se isto acontecer, muito provavelmente a também pré-candidata Manuela D’Ávilla desistirá de concorrer para, que seu partido, o PC do B, também integre esta parcial frente de centro-esquerda. De “centro-esquerda” porque também pode aglutinar siglas do famoso “Centrão” como PP, PR, Solidariedade, Avante e PROS. Ciro, eu e todos vocês sabemos bem que esse arranjo não é o melhor dos mundos. Mas é um caminho possível para desbaratar o famigerado MDB. E certamente se Ciro obtiver êxito, saberá separar o “joio do trigo” e não deixará a “raposa cuidar do galinheiro”. 

          Vocês devem se perguntar: Mas por que Ciro incomoda com estas estratégias? A resposta é simples: Ciro Gomes está desarticulando o PT (que quase sempre teve PC do B e PSB como fieis apoiadores), além de tirar parte expressiva dos partidos de centro-direita das mãos dos tucanos. Jair Bolsonaro também se mostra pouco à vontade com este rearranjo, uma vez que sonhava com o apoio do PR e a vice do senador capixaba Magno Malta. Esta jogada já foi descartada pelas partes envolvidas, inclusive.    


PT e seu “poste” prontos para a derrota 


O que reforça esta tese de que o “Poste do PT” será malsucedido - ao meu ver - nas eleições vindouras, é justamente o resultado de que dispara o número de pessoas que não teriam candidato, sem Lula na disputa. Os índices passam de 21% para 34% de indecisos, brancos, nulos ou abstenções. Um argumento que complementa esta máxima foi quando o Datafolha apresentou cinco nomes identificados com a esquerda como alternativa a Lula e, adivinhem, um terço indicou Ciro Gomes como a melhor escolha. Veja abaixo esses números: 


          O Partido dos Trabalhadores e seus dirigentes insistem – de forma muito equivocada – em reafirmar que vão levar a candidatura de Lula até as últimas consequências. O ex-presidente está preso há dois meses e não tem sequer uma única perspectiva de soltura. Ele não poderá gravar vídeos, não irá evidentemente a palanques e deverá ter seu registro cassado (por meio da Lei da Ficha Limpa) pelo TSE até, no máximo, começo de setembro. Ou seja, em plena campanha oficial.   

          Os relatos de bastidores dizem que colocarão Fernando Haddad como vice, para, quando referendado este impedimento de Lula, ocorrer um “dedaço” e o ex-prefeito assumir o lugar vago. Gente, o eleitor não tem dono. O voto de cabresto já está praticamente extinto no Brasil. Esses 30% de capital eleitoral que Lula ainda possui “pertencem”, quase que exclusivamente, a ele. Logo, o grau de transferência de votos pode ser insuficiente para colocar Haddad no segundo turno e, num cenário tenebroso, tirar Ciro Gomes – de novo, o nome mais forte do campo progressista – desta disputa decisiva. A Esquerda desunida é tudo o que a Direita e a Extrema-Direita querem.    


PSDB em desespero   

          Geraldo Alckmin não consegue romper os meros 7%. Mesmo com quase todo o PIG o ajudando; “Mercado” o assumindo “como o candidato do centro”; e, claro, todo o dinheiro e estrutura partidária tucana ao seu dispor. Além disso, parece que só virá com os inexpressivos suportes do PPS e PTB. Prováveis aliados como PSC, PSD e PRB mantêm suas eventuais pré-candidaturas.   

O ex-ministro da fazenda Henrique Meirelles (MDB) quer morrer abraçado com Michel Temer, detentor do governo mais impopular da história brasileira. Tem ainda o agravante de Rodrigo Maia e o DEM rechaçarem a ideia de vir com o PSDB novamente. Os Democratas cogitam até apoiar Ciro, mas não querem se ver nas fotos com Alckmin e correligionários do paulista.   

Marina Silva cada vez mais irrelevante 

           Marina aparece ultimamente de 13 a 15 pontos no Datafolha desde 2017. Todavia, tem pouca exposição da mídia. Sua boa colocação se dá pelo recall político que detém e não pelos seus posicionamentos. A ex-ministra não está envolvida em casos de corrupção e/ou denúncias; isto é fato. Mas deixa cada vez mais difusa suas ideias sobre como pretende encarar os inúmeros e grandiosos problemas que a nação enfrenta. Ela é definida por muitos como a candidata “em cima do Muro”. Soma-se a isso a frágil condição da Rede Sustentabilidade no Congresso Nacional, bem como a patente falta de capilaridade dos mesmos. As grandes siglas não querem apoiá-la e, assim, ela se vê cada vez mais solitária. Se ficar em terceiro lugar, pela terceira vez consecutiva, já poderá pedir música no programa Fantástico!   

 Bolsonaro tem pavor de sabatinas e debates 

Jair Bolsonaro fica abertamente injuriado quando é escrutinado em sabatinas organizadas pelos grandes conglomerados da imprensa nacional. Se recusou a ir a evento organizado pelo Uol/Folha de São Paulo/SBT. Detalhe: todos os principais pré-candidatos bem posicionados e com condições de disputa foram até lá. O ex-capitão igualmente não confirmou ida ao tradicional Roda Viva da TV Cultura que realiza uma rodada semelhante de coletivas. Ele foge de entrevistas elaboradas e debates com concorrentes, como o diabo foge da cruz.   

Já admite que pretende repetir Fernando Collor em 1989, quando o então candidato que iria “caçar marajás” só participou do último debate na Globo. Bolsonaro segue este enredo porque não quer deixar transparecer seu completo despreparo para lidar com os temas básicos do poder executivo. Escancarar em rede nacional a sua incapacidade cognitiva e o ódio que exerce para com as minorias derrubariam por Terra suas pretensões de chegar ao posto de mandatário-mor.

Ciro Gomes: O anti-Temer e anti-Bolsonaro 

       Ciro Gomes tem ganhado cada vez mais notoriedade nos “jornalões” e internet. Já emplacava manchetes – de forma muito esperta – como um crítico contumaz do governo golpista de Michel Temer. Agora também traçou a meta de ser o oposto ao extremista conservador Bolsonaro. Ciro é contra a reforma da previdência apresentada, já disse que revogará a draconiana reforma trabalhista e que fará de tudo para reverter a criminosa PEC 95, que congela os investimentos públicos em saúde e educação por absurdos 20 anos.   

Gomes já chama Bolsonaro em público de fascista e que, segundo palavras do próprio, seria um “câncer que precisa ser extirpado da democracia”. Ciro é de longe o candidato mais preparado intelectualmente dos que postulam o Palácio do Planalto nesta ocasião. Dispõe de muita experiência administrativa e eleitoral. E se mostra um grande jogador de xadrez a cada mês.   

         Ele sabe que ao se colocar como o candidato da oposição abre seu leque de simpatia com a maioria dos eleitores brasileiros, que são quase unânimes em chamar Temer de corrupto e incompetente. Para além disso, Ciro ocupa naturalmente o vácuo deixado por Lula e aparece como o nome antagônico a Jair Bolsonaro. Ainda tenho dúvidas de que o parlamentar do PSL irá para segundo turno, mas isso é um problema do PSDB e não nosso. Em suma, após a Copa do Mundo as definições neste jogo da política tupiniquim pegarão fogo.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Datafolha aponta a necessidade de União Progressista

Sem o ex-presidente Lula, a chapa Ciro Gomes e Fernando Haddad é a única alternativa para a Esquerda voltar ao poder 




Por Paulo Henrique Faria 


E saiu ontem (15/04) mais uma pesquisa presidencial do Datafolha. Quatro aspectos prioritários chamaram a atenção nos resultados: 1º Joaquim Barbosa (PSB) retornou e pontuou até bem; 2º Marina Silva (Rede) - estranhamente - cresceu um pouco nas intenções; 3º Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) estagnaram; 4º Sem Lula na disputa, o Partido dos Trabalhadores não detém "Plano B" e, se forem sensatos, têm que apoiar Ciro Gomes (PDT), agora o único candidato do campo progressista com chances reais. 

Joaquim Barbosa é o típico candidato "não-político" e/ou outsider que parte expressiva do Mercado e a Globo tanto procuravam. É ex-ministro do STF; foi duro e midiático em condenações contra políticos do próprio PT; além de ser, digamos, a "novidade" no mundo político. Chegou até a ocupar o lugar de "queridinho dos moralistas", posto que hoje pertence ao juiz Sérgio Moro. Entretanto, não nos esqueçamos que foi parcial no julgamento do "Mensalão" e que possui um pensamento econômico Liberal, que é tudo o que o Brasil não pode nem sonhar em continuar a seguir. 

Outro fator negativo para Barbosa é o de falta de experiência no Poder Executivo, sobretudo em cargos eletivos. Soma-se a isso o fato de o PSB ter que abdicar de apoios importantes do PDT e do PT nos Estados. Será que vale o risco de bancar a qualquer custo esse devaneio da candidatura de Barbosa, em detrimento da reeleição de governadores e senadores pessebistas? Vamos ver se prospera ou não esse conceito nos próximos meses.   

Marina Silva, como já é de costume, só ganha evidência a cada quatro anos. Nunca é demais relembrar que se aliou a Aécio Neves e o PSDB em 2014. Foi a favorável ao impeachment da ex-presidenta Dilma; concorda com as reformas neoliberais propostas pelo governo Temer; É favor das ilegalidades e parcialidades da Operação Lava Jato e, por último, endossou a injusta prisão do ex-presidente Lula. Por essas e por outras, seu crescimento nos números não se justifica ao meu ver. Não faz sentido alguém que é persona non grata da militância e até do eleitorado lulopetista herdar cerca de 20% dos votos, como apontou o Datafolha. O instituto pode ter dado uma maquiada no resultado real, respaldados pela margem de erro. 

Outro fato destacável foi o engessamento dos dois principais candidatos conservadores: Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin. Isso se dá porque tanto o deputado federal, quanto o ex-governador de São Paulo perderam o principal alvo de seus ataques eleitorais: o ex-presidente Lula. Sem o discurso anti-petista, naufragam nas suas pretensões, pois não possuem sustentação programática de governo. Bolsonaro tem ainda uma rejeição - cada vez mais crescente - de 31%. Está no seu teto de 17% e, por falta de consistência partidária e de propostas, tende a cair nos subsequentes levantamentos. 

A situação do tucano pode ser considerada pior. Alckmin dispõe ao seu lado  de boa parte da grande mídia, bem como de relevantes integrantes do mundo financeiro. Isto sem mencionar uma das maiores siglas do Brasil na sua mão. Mesmo com todo esse poder, não consegue romper os 7% de votos, além de não diminuir a rejeição de quase 30 pontos percentuais. Com a possível chegada de Barbosa à corrida pelo Planalto e, uma pulverização de candidaturas de centro-direita e direita, o jogo fica ainda mais complicado. Veja os números de rejeição atualizados a seguir: 


PT e o possível "Plano C" de Ciro 


O mais relevante desta pesquisa para presidente, ao meu ver, certamente foi a consolidação da candidatura de Ciro Gomes. O ex-governador cearense já tem assegurado um eleitorado cativo que varia entre 8% e 10%, com uma rejeição estável de 23%. Além disso, na ausência evidente do ex-presidente Lula, se tornou o player mais forte do espectro de Esquerda/Centro-Esquerda. 

Para se ter uma ideia, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e o ex-governador baiano Jaques Wagner pontuam de 2% a 3% nos cenários sem o ex-presidente petista. Na simulação de segundo turno perdem feio para Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin. Já Ciro fica rigorosamente empatado com os dois direitistas. Vejam esses resultados abaixo: 
  



Ciro Gomes pode não ter a simpatia da maioria dos militantes do PT, mas, certamente é o herdeiro natural do espólio de Lula. Conta hoje com mais votos do que todos os demais candidatos de Esquerda somados (Guilherme Boulos tem 1%; Manuela D'Ávila 2%; Haddad ou Wagner 3%). Ao contrário de Joaquim Barbosa e Marina Silva, Ciro foi fiel nos últimos anos ao PT e a Lula, sobretudo no caso do Mensalão em 2005 e no "golpechment" de 2016. 

É chegada a hora do PT retribuir a solidariedade histórica que Ciro e o próprio PDT têm prestado ao longo dos últimos anos. Mas mais importante que ser grato, deve-se ser racional e pragmático. Se o PT insistir no discurso de "Eleição sem Lula é fraude" e querer lançar outro candidato de toda forma, pode contribuir decisivamente para levar o pleito à uma catastrófica disputa entre Direita x Extrema-Direita.

Ciro Gomes já se mostrou capaz de gerir a Nação. Tem lado, que é o da redução da desigualdade social e o enfrentamento aos rentistas. Se o PT/Lula o apoiar, indubitavelmente vai - logo de cara - saltar para 20% da preferência. Isso já o colocaria isolado em primeiro lugar. Com a intensificação da campanha e a participação nos debates televisivos, pode chegar a 30% na apuração do primeiro turno. Logo, iria assim como favorito para a definição no estágio decisivo. Esse diagnóstico é corroborado pela maioria dos cientistas políticos e analistas. Resta saber se o PT seguirá esse conselho, que será crucial para impedir a destruição do próprio partido e do nosso País.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Uma jogada de mestre

Ciro Gomes se aproxima de Márcio França e o PSB em busca de uma aliança robusta   






 

Por Paulo Henrique Faria 



Na última terça-feira (13/03) um novo fato na política nacional chamou muito a atenção - especialmente a minha - de boa parte da imprensa no país: Ciro Gomes se encontrou com o vice-governador de São Paulo Márcio França. Preocupado em garantir simpatias Ciro não polpou elogios ao pessebista, em entrevista coletiva concedida horas antes da reunião em questão. Isso gerou manchetes de que ambos se aproximaram e, que, a aliança PDT & PSB está cada dia mais próxima de se concretizar. Não custa lembrar que Ciro Gomes e o presidente nacional do PDT Carlos Lupi almoçaram com o governador de Pernambuco e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, no mês passado. Ambos os lados saíram satisfeitos e elogiosos com a ocasião.   
   
Este indicativo também ganhou força há duas semanas, pois, em convenção nacional, o Partido Socialista Brasileiro deixou claro que não dará apoio à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin. Soma-se a isso as importantes vindas dos progressistas deputados Alessandro Molon, Aliel Machado e Carlos Minc para seus quadros. Todos eles já elogiaram a atuação e pretensão presidencial de Ciro Gomes. Aliás, o governador da Paraíba Ricardo Coutinho, também do PSB, já enalteceu em demasia o ex-ministro pedetista. A senadora baiana Lídice da Mata fez a mesma coisa essa semana. O PSB nos últimos meses retomou a sua histórica pauta de centro-esquerda e, como tal, afastou os parlamentares golpistas/conservadores que fizeram da sigla um "puxadinho do governo corrupto" de Michel Temer. O PSB é oposição declarada desde o segundo semestre do ano passado.   

Essa jogada de Ciro Gomes visa fazer com que Márcio França continue no PSB e, que, lhe garanta lugar expressivo no maior palanque do Brasil. França assumirá em caráter definitivo o governo paulista agora em abril. Se por um lado essa ação do Ciro beira ao brilhantismo, o mesmo - ainda bem - não se pode dizer das movimentações de seus adversários. Isso porque ele foi até ajudado, diga-se de passagem, pelas trapalhadas do engomadinho e ganancioso João Doria. O atual prefeito paulistano vai largar o mandato no meio (descumprindo uma promessa que havia feito antes de iniciar no cargo) e vai se lançar a governador. Certamente esse deve ter sido o acordo que demoveu Doria da pré-candidatura ao Palácio do Planalto, para assim, endossar seu padrinho político Geraldo Alckmin. Entretanto, Alckmin há um ano vislumbrava apoio do PSB em nível nacional e, depois, tentou - como  cartada final - trazer Márcio França para o PSDB. Todas as tentativas fracassaram. Imaginem que genial se Ciro Gomes derrotar Geraldo Alckmin no segundo turno para presidência e Márcio França faz o mesmo com João Doria pelo Palácio dos Bandeirantes. Seria um acontecimento político que, certamente, entraria para a história.   

Essas articulações se desenrolando, garantiriam que a vice na chapa com Márcio França fique com Gabriel Chalita, que, até então, era o natural candidato pedetista ao governo paulista. Se o PT cair em si e acompanhar esse visionarismo, pode se juntar à oposição ao PSDB e, enfim conseguir, romper 20 anos de mandos e desmandos dos tucanos por lá. Em 2022, certamente PSB e PDT cederiam lugar a algum nome forte petista para sucessão. Além dessas negociações, o mais provável é que o PDT retire a candidatura de Joe Valle ao governo do Distrito Federal, para apoiar a reeleição de Rodrigo Rollemberg. Pelo jeito, os palanques expressivos de Ciro Gomes crescem em ritmo acelerado Brasil afora.  


A sinceridade de Rui Costa  


As declarações certeiras do governador da Bahia Rui Costa (PT) caíram como uma bomba nas pretensões eleitorais controladoras e sectárias do Partido dos Trabalhadores. Para Costa, o PT, na exclusão do ex-presidente Lula, deveria abrir mão da cabeça de chapa e aclamar um candidato de outro partido do campo progressista. Esse recado é um indício de que dentro do PT tem uma ala expressiva que quer apoiar Ciro Gomes para presidente. Nomes como Jaques Wagner, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy e Camilo Santana (afilhado político de Ciro inclusive) vivem elogiando o ex-governador do Ceará. Sobretudo no que diz respeito à sua lealdade nos momentos difíceis pelo que o PT passou em 2006, como no emblemático e oportunista caso do "Mensalão".  
  
Rui Costa também ventilou que o PT necessita realizar autocrítica; parar com o discurso repetitivo e ineficaz de "golpe"; admitir erros realizados no poder central e unir a Esquerda.   

Uma outra verdade inconveniente, contida nas entrelinhas, aos ouvidos petistas é de que sem Lula na disputa, eles não possuem outro concorrente com chances reais de vitória. Basta ver os resultados pífios nas últimas pesquisas de Haddad e Wagner, por exemplo. Portanto, se Ciro Gomes conseguir de fato trazer o PSB e, por consequência, o PT para junto de si, vai dar um verdadeiro "xeque-mate" neste jogo de xadrez que se tornou a corrida presidencial deste ano. A conferir!  


quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Datafolha aponta Ciro Gomes como herdeiro natural de Lula

Resultado do último levantamento presidencial mostra que o PT não emplacaria outro candidato do partido. Chances de um acerto com Ciro Gomes e o PDT crescem





  

Por Paulo Henrique Faria 


E saiu mais uma rodada de pesquisas presidenciais do Instituto Datafolha. Os resultados tiveram poucas modificações em relação à última, realizada há exatamente dois meses. No cenário com todos os principais concorrentes temos o ex-presidente Lula (PT) na dianteira com 34%. Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (REDE), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) praticamente mantiveram seus respectivos resultados. As novidades - indigestas - foram o também ex-presidente Fernando Collor (PTC) e o apresentador global Luciano Hulk (Sem Partido).  

Mesmo que Lula lidere e tenha - por incrível que pareça - aumentado suas intenções de votos nas disputas de segundo turno, contra todos os adversários, sua candidatura está cada dia mais improvável. Há uma semana o petista foi - injustamente - condenado em segunda instância pelo TRF-4, em Porto Alegre. Novamente afirmo que Lula não será preso, mas deverá ficar fora do pleito. Esse levantamento mostrou também, mais uma vez, que o PT não emplaca outro candidato de seus quadros. O ex-governador da Bahia e ex-ministro Jaques Wagner não passa de 2%. O ex-prefeito Fernando Haddad a mesma coisa. Esses índices, podem, nos próximos meses, levar o Partido dos Trabalhadores a apoiar o ex-governador cearense Ciro Gomes. Assim, a "chapa dos sonhos" formada entre Ciro Gomes presidente e Fernando Haddad vice ganha força.  

No cenário sem Lula, Ciro Gomes e Marina Silva são os maiores herdeiros. É verdade que os votos nulos, brancos e abstenções alcançam os incríveis 28%; porém é pouco provável que permaneçam assim, mesmo sem o líder petista. Mas será que o PT vai mesmo deixar parte expressiva de seu eleitorado ir para a desafeta Marina Silva? Certamente que não. Todavia, não basta somente atacá-la, como em 2014. É necessário intensificar o "Plano B", ou melhor, o "Plano C", de Ciro, que mesmo sendo crítico aos erros dos governos Lula e Dilma, sempre foi leal a ambos, sobretudo nos casos do Mensalão e no Impeachment/Golpe de 2016.   

O presidente nacional pedetista Carlos Lupi e o próprio Ciro Gomes almoçaram com parte da direção do PSB, em Pernambuco na semana passada. E já ensaiam uma futura coligação. Os resultados pífios do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa jogam a pá de cal em sua candidatura pelo partido de Miguel Arraes. Desta maneira, uma grande aliança progressista entre PDT, PSB, PC do B e PT pode vir a se realizar. As chances de vitória seriam altas. 

Não empolgam  


O ministro da fazenda Henrique Meirelles (PSD) e o presidente da Câmara de Deputados Rodrigo Maia (DEM) não engrenam. Em nenhum cenário ultrapassam 1% de votos. O mesmo vale para o candidato neoliberal João Amoêdo (NOVO). O governador paulista Geraldo Alckmin cresceu bem menos que o esperado. Isso fez com que o outsider Luciano Hulk crescesse e, de forma oportunista, aparecesse na pesquisa. A pergunta que me faço diante disto é: O quanto a Globo, o próprio Hulk e seus pares estão investindo nesse plano? Certamente é muito dinheiro! 

Rejeição    

 



 



















     
      Como é possível ver no quadro acima de rejeições, quase todos os pré-candidatos reduziram seus índices neste quesito. Exceto Lula, Huck e Collor. Ciro Gomes diminuiu em 1 ponto sua rejeição (Em novembro era de 22%) e segue sendo o menos rejeitado dentre os principais postulantes. Isso tem expressão na medida que o tempo vai avançado e, obviamente, as figuras que pleiteiam o Palácio do Planalto ficam mais conhecidas e/ou expostas na grande mídia. Aguardemos agora as vindouras pesquisas. 
  




quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

"Que país será o Brasil após a eventual invalidação da candidatura de Lula?"

Cientista Político Francisco Tavares alega que Lula deverá ser condenado em segunda instância e chama a atenção para possíveis desdobramentos das eleições presidenciais neste ano  





  
Por Paulo Henrique Faria  



Na tarde de ontem (23/01), conversei com o renomado cientista político mineiro, Francisco Tavares. Carinhosamente chamado como "Franck", por seus alunos da Universidade Federal de Goiás (UFG), o analista iniciou sua carreira como graduado em Direito e, em 2013, finalizou seu doutorado em Ciência Política na Universidade Federal de Minas Gerais. Radicado em Goiás há quase cinco anos, Tavares é atualmente professor titular da UFG, nos cursos de graduação em Ciências Sociais, Economia e mestrado em Ciência Política.  

     O bate-papo girou em torno da iminente condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; as chances de Ciro Gomes e demais presidenciáveis; similaridade desta eleição de 2018 com a de 1989; novos caminhos para a Esquerda no Brasil; e por fim, análise da disputa para o Governo do Estado. Confira a íntegra da entrevista no vídeo abaixo: