Por Paulo Henrique Faria
No último domingo o Brasil
conheceu os “novos” integrantes do Congresso Nacional. Alguns governadores
foram eleitos no primeiro turno e para a disputa presidencial haverá segundo
turno. Os três maiores partidos brasileiros (MDB, PSDB e PT) até aqui foram os
grandes derrotados deste pleito.
O MDB por exemplo saiu de 51
cadeiras na Câmara Federal para 34 agora. O PSDB de 49 para 29 e o PT de 61
para 56. É verdade que a bancada petista ainda é a maior, entretanto o partido
foi praticamente varrido fora do Nordeste. No Senado o MDB agora contará com 12
nomes, o PSDB com nove e o PT com seis.
O Partido dos Trabalhadores
não conseguiu eleger senadores no Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Figuras
tradicionais da sigla como Eduardo Suplicy, a ex-presidenta Dilma Rousseff e
Lindbergh Farias não conseguiram se eleger. A exceção na parte de baixo do mapa
foi a reeleição do senador Paulo Paim no Rio Grande do Sul.
O PSDB também viu nomes
importantes de seu quadro nacional, como o quatro vezes governador de Goiás,
Marconi Perillo ficar em um modesto quinto lugar na disputa do senado e, de
quebra, não fez seu sucessor, o ex-vice e atual governador José Éliton. Beto
Richa foi preso e também teve votação pífia para o senado no Paraná. Pedro
Taques – o traíra que se elegeu pelo PDT e foi logo depois correndo para o PSDB
– ficou apenas em terceiro lugar na disputa mato-grossense. Cássio Cunha Lima e
Aloysio Nunes também dançaram.
No caso do MDB, a derrota
foi ainda mais expressiva. Boa parte do “lado quadrilha” emedebista formada por
Romero Jucá, Eunício Oliveira, Valdir Raupp, Garibaldi Alves Filho e Edison
Lobão ficaram a ver navios em 2018. A única derrota lamentada, por mim e os
nacionalistas de plantão, ficou por conta do combativo senador paranaense
Roberto Requião.
Além disso, o clã Sarney foi derrotado de uma
vez por todas no Maranhão pelo governador Flávio Dino (PC do B), que se
reelegeu em primeiro turno e de quebra colocou Weverton Rocha (PDT) e Eliziane
Gama (PPS) no Senado por lá. Outros nomes deploráveis e/ou golpistas como Magno
Malta, Cristovam Buarque e Roberto Freire também ficaram de fora da vida
parlamentar em Brasília.
E
os vencedores?
É certo que Jair Bolsonaro e,
seu atual partido, o PSL foram os grandes beneficiados pela onda ultraconservadora
no país. A sigla neoliberal de aluguel que mantinha oito deputados, agora tem o
segundo maior grupo com 52 lugares. Não possuíam nenhum senador e a partir do
ano que vem ficarão com quatro, sendo um destes o filho mais velho do
ex-capitão, Flávio Bolsonaro – aquele que costuma desmaiar nos debates.
Sinceramente acredito que Bolsonaro
infelizmente já levou essa disputa presidencial. Esse segundo turno com
Fernando Haddad só adiou o inadiável. “São Lula” achou que poderia operar mais
um milagre. Porém, ele e o PT erraram feio na estratégia, pois não quiseram
colocar Ciro Gomes como cabeça de chapa e o próprio ex-prefeito paulistano de
vice. Certamente se o tivessem feito o desfecho seria outro, mas isso é assunto
para outro texto.
Pra além dos óbvios
beneficiados que a grande imprensa gosta de martelar, existe uma nova frente no
campo progressista que saiu fortalecida disso tudo: O PDT. Sim, a sigla
brizolista saltou de 19 deputados para 28 representantes. Agora conta também
com quatro senadores. Esse crescimento pedetista certamente foi impulsionado
pela candidatura presidencial de Ciro Gomes. Seu honroso terceiro lugar, com
mais de 13 milhões de votos, motivou inúmeros jovens a se engajarem em política;
o que certamente resultará em uma filiação em massa ao Partido Democrático
Trabalhista nos próximos dias e meses.
A militância virtual cirista aliás bateu de
frente com os numerosos e insuportáveis bolsominions nesta eleição. Estes
mesmos já clamam para Ciro não desistir da vida pública e tentar novamente
daqui quatro anos.
No meio deste infortúnio, Ciro
Gomes ajudou seu irmão mais novo Cid Gomes a se tornar o senador com a maior
votação proporcional do Brasil. Nunca é demais lembrar que Cid foi um ótimo
governador cearense – como o primogênito na década de 1990 – e que foi o
primeiro a chamar, pra todo mundo ver, Cunha de ladrão e achacador na Câmara
dos Deputados em 2015. Cid deve se juntar ao experiente e sagaz petista Jaques
Wagner e, juntamente de Ciro, devem liderar a nova oposição já em 2019.
Bolsonaro deverá ser uma
continuação truculenta do sofrível governo Temer. Se opondo a tudo isso pode
surgir uma frente formada por PDT, PT, PC do B, PSB, Rede, PSOL, Avante e
demais siglas de Centro. Estes deverão fazer uma oposição ferrenha e organizada
contra o entreguismo da nova extrema-direita bolsonarista. Se Ciro vier como
cabeça de chapa e for acompanhado de um nome forte petista – talvez até o
próprio Wagner – em 2022, a esquerda voltará ao poder central da Nação. Para
isso ocorrer basta deixar o hegemonismo egoísta de lado e juntar forças.